Fatores ambientais de crianças e adolescentes com Paralisia Cerebral atendidas em ambulatório no Interior do Amazonas sob a perspectiva da Classificação Internacional de Funcionalidade, Incapacidade e Saúde
DOI:
https://doi.org/10.62827/fb.v26i2.1051Palavras-chave:
Classificação Internacional de Funcionalidade, Incapacidade e Saúde Meio Social; Serviços de Reabilitação; Paralisia Cerebral; Criança; Adolescente.Resumo
Introdução: Paralisia Cerebral refere-se ao conjunto de distúrbios motores e posturais decorrentes de uma lesão não evolutiva no sistema nervoso central em desenvolvimento. Fatores ambientais podem desempenhar o papel de barreiras ou facilitadores ao desenvolvimento. Objetivo: Caracterizou-se os fatores ambientais de crianças e adolescentes com Paralisia Cerebral atendidas em um Ambulatório Universitário no interior do Amazonas. Métodos: Estudo transversal, retrospectivo. Foram avaliados 17 prontuários de crianças e adolescentes com Paralisia Cerebral de zero a 18 anos de um Ambulatório universitário de fisioterapia, avaliadas no ano de 2022 e 2023. Descreveu-se as características de fatores pessoais – sociodemográficas; características clínica e funcional; e características de fatores ambientais: familiar, condições de moradia, uso de produtos e tecnologia, suporte social e acesso a serviços. Análises descritivas foram realizadas por meio da média, desvio-padrão, porcentagem e frequência. Resultados: A maioria dos pacientes era do sexo masculino (64,3%, n= 11) e 47,1% (n= 8) tinham Paralisia Cerebral espástica bilateral e eram nível V no Sistema de Classificação da Função Motora Grossa. Os níveis I e IV foram os mais frequentes no Sistema de Classificação de Habilidade Manual (ambos com 29,4%, n= 5). Inúmeras barreiras ambientais foram identificadas como a falta de dispositivos auxiliares de marcha e de mobilidade para até 70,6% (n= 12), dificuldade de acesso aos médicos pediatra e neurologista para até 70,6% (n= 12), falta de acesso à escola ou creche (64,7%, n= 11), baixa renda familiar (47,1%, n= 8) e o não recebimento de auxílios e/ou benefícios sociais (52,9%, n= 9). Conclusão: Há inúmeras barreiras ambientais de serviços de saúde, educacionais e assistenciais, bem como no consumo e uso de produtos e tecnologias para uso pessoal que impactam na funcionalidade e desenvolvimento dessas crianças e adolescentes.
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