Um protocolo seguro de ventilação mecânica invasiva individualizada para pacientes acometidos pela covid-19 pode minimizar riscos cardiovasculares e reduzir a mortalidade: artigo de opinião

Autores

DOI:

https://doi.org/10.62827/fb.v25i2.m958

Palavras-chave:

Covid-19; coronavírus; sars-cov2; ventilação mecânica; doenças cardiovasculares.

Resumo

Coronavírus é uma família de vírus causadores de infecções respiratórias. Foi descoberto na China, em dezembro de 2019, um novo Coronavírus, causador da coronavírus disease 2019 (COVID-19). Os pacientes com COVID-19 podem apresentar quadros assintomáticos a muito graves. Na sua fisiopatologia parece haver um papel importante do componente vascular e da perfusão pulmonar e seu tratamento ideal ainda é pouco conhecido. Os tratamentos utilizados em pacientes graves com COVID-19 podem trazer graves repercussões cardiovasculares. Sabe-se que cerca de 20% dos pacientes com a forma grave da COVID-19 evoluem com lesão miocárdica, 10% evoluem com miocardite e 10% a 30% evoluem com choque, e que os pacientes críticos necessitam muitas vezes de terapias medicamentosas combinadas e ventilação mecânica invasiva, aumentando os riscos para distúrbios cardiovasculares e eletrolíticos, além do aumento do risco de morte. Percebeu-se que a pneumonia da COVID-19 apresenta uma forma atípica de SDRA. A COVID-19 é uma doença sistêmica que agride consideravelmente o endotélio vascular, gerando importante desconforto respiratório. Nota-se que os pacientes que desenvolvem a forma grave da COVID-19 e necessitam de suporte ventilatório invasivo apresentam taxas de mortalidade bastante elevadas. Esses pacientes necessitam de configurações de ventilação mecânica invasiva (VMI) e estratégias de gerenciamento individualizadas e únicas para cada fenótipo. A utilização de estratégias ventilatórias adequadas, através de protocolo individualizado de VMI, pode minimizar a progressão da lesão pulmonar. Entendemos que estratégias ventilatórias combinadas, através de um protocolo individualizado de VMI, podem reduzir riscos cardiovasculares, além de gerar melhores resultados nos desfechos de mortalidade na UTI.

Biografia do Autor

  • Roberto Ribeiro da Silva, UFRJ

    Grupo de Pesquisa em Avaliação e Reabilitação Cardiorrespiratória (GECARE), Faculdade de Fisioterapia, Universidade Federal do Rio de Janeiro, Rio de Janeiro, RJ, Serviço de Fisioterapia, Hospital Federal de Bonsucesso, Rio de Janeiro, RJ, Serviço de Fisioterapia, Hospital Universitário Gaffrée e Guinle/UNIRIO, Rio de Janeiro, RJ, Instituto do Coração Edson Saad, Universidade Federal do Rio de Janeiro, Rio de Janeiro, RJ, Brasil

  • Leonardo da Costa Silva, GEGARE/UFRJ

    Grupo de Pesquisa em Avaliação e Reabilitação Cardiorrespiratória (GECARE), Faculdade de Fisioterapia, Universidade Federal do Rio de Janeiro, Rio de Janeiro, RJ, Serviço de Fisioterapia, Hospital Federal de Bonsucesso, Rio de Janeiro, RJ, Brasil

  • Michel Silva Reis, GEGARE/UFRJ

    Grupo de Pesquisa em Avaliação e Reabilitação Cardiorrespiratória (GECARE), Faculdade de Fisioterapia, Universidade Federal do Rio de Janeiro, Rio de Janeiro, RJ, Instituto do Coração Edson Saad, Universidade Federal do Rio de Janeiro, Rio de Janeiro, RJ, Brasil

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Publicado

06/27/2024

Edição

Seção

Artigos de opinião

Como Citar

Um protocolo seguro de ventilação mecânica invasiva individualizada para pacientes acometidos pela covid-19 pode minimizar riscos cardiovasculares e reduzir a mortalidade: artigo de opinião. (2024). Fisioterapia Brasil, 25(2), 1416-1422. https://doi.org/10.62827/fb.v25i2.m958