A participação de crianças pré-escolares com alterações de desenvolvimento e em tratamento fisioterapêutico sob a ótica da Classificação Internacional de Funcionalidade, Incapacidade e Saúde
DOI:
https://doi.org/10.62827/fb.v25i6.1036Palavras-chave:
Participação social; desenvolvimento infantil; reabilitação.Resumo
Introdução: A Participação é um dos componentes da funcionalidade e é definida pelo “envolvimento do indivíduo em situações de vida diária”. No entanto, crianças com alterações do desenvolvimento neuromotor apresentam limitações de atividades de mobilidade em decorrência de deficiências funcionais relacionadas aos componentes articulares, musculares ou de controle motor, que causam restrições da participação no âmbito domiciliar ou comunitário. Objetivo: Avaliar a participação de crianças de 0 a 3 anos com alterações do desenvolvimento em tratamento fisioterapêutico ambulatorial. Métodos: Estudo longitudinal, analítico-descritivo e observacional das características de participação dos pacientes entre 0-3 anos em atendimento no ambulatório de Fisioterapia Neurofuncional em um hospital de referência à assistência de saúde materno infantil. Foram utilizados para coleta de dados: questionário das características clínicas e aplicação dos instrumentos: Escala Motora Infantil de Alberta (AIMS), Teste de Denver II, Child Engagement in Daily Life (CEDL), Affordances in the Home Environment for Motor Development (AHEMD), sendo realizado 2 avaliações com intervalo de 3 meses entre as avaliações. Resultados: Foram avaliadas 14 crianças, com predomínio do sexo masculino 71,43% (n=10) e média de idade de 11,59 meses (±8,5 m). Todos os pacientes preenchiam critério para intervenção fisioterapêutica, embora apenas 42,86% (n=6) apresentassem atraso no desenvolvimento motor, segundo a AIMS. O domínio da linguagem foi outro com grande prevalência de alteração 50% (n=7) da amostra. Quanto aos fatores contextuais, observou-se oportunidades de estímulos no ambiente domiciliar ‘adequada e/ou excelente’ para a disponibilidade de brinquedos de motricidade grossa 64,28% (n=9) e fina 50% (n=7), a maioria das crianças pertenciam às classes sociais baixas (D ou E). Em relação a participação, as maiores frequências observadas foram de atividades familiares em casa em 78,57% (n=11) e na comunidade 85,71% (n=12) e em brincadeiras internas com adultos 100% (n=14). Houve baixa frequência de participação em aulas organizadas 85,71% (n=12) e passeios de entretenimento 92,86% (n=13). Foram encontradas trajetória de participação crescente em brincadeiras ao ar livre com outras crianças 78,57% (n=11) e com adultos 85,71% (n=12) com significância estatista nessas atividades. Conclusão: A maioria das crianças do estudo apresentavam alterações de desenvolvimento e baixa participação em atividades extracomunitárias e com outras crianças, mostrando aumento na participação com outras crianças ao longo do estudo. Dessa forma, aponta-se para a importância de uma avaliação mais detalhada sob o olhar da Classificação Internacional de Funcionalidade, Incapacidade e Saúde, no qual podem auxiliar os profissionais de saúde a avaliarem e planejarem intervenções centradas na família, além de ampliar as oportunidades de participação em crianças com alterações de desenvolvimento em idade precoce, com orientações adequadas.
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