Fisioter Bras. 2024;25(4):1554-1564
doi: 10.62827/fb.v25i4.1014

ARTIGO ORIGINAL

Função sexual e satisfação conjugal de mulheres climatéricas assistidas na atenção primária

Sexual function and marital satisfaction of climacteric women assisted in primary care

Thaise Ferreira Santos1, Lucas dos Santos1, Rita Narriman Silva de Oliveira Boery1

1Programa de Pós-Graduação em Enfermagem e Saúde, Universidade Estadual do Sudoeste da Bahia (PPGES/UESB), Jequié, BA, Brasil

Recebido em: 31 de abril de 2024; Aceito em: 29 de agosto de 2024.

Correspondência: Thaise Ferreira Santos, thaisefisio@live.com

Como citar

Santos TF, Santos L, Boery RNSO. Função sexual e satisfação conjugal de mulheres climatéricas assistidas na atenção primária. Fisioter Bras. 2024;25(4):1554-1564. doi:10.62827/fb.v25i4.1014

Resumo

Introdução: O climatério é evento fisiológico de preparo para o envelhecimento que pode comprometer não só o estado físico e mental, mas também influenciar a qualidade das interações interpessoais desta mulher. Objetivo: Reconhecer os fatores associados à disfunção sexual e satisfação conjugal em mulheres climatéricas assistida na Atenção Primária. Métodos: Pesquisa transversal, realizada entre outubro/2019 e março/2020, com 83 mulheres entre 40-65 anos, cadastradas nas Unidades de Saúde da Família de um município do interior baiano, em relacionamento conjugal, vida sexual ativa nos últimos 6 meses com pontuação mínima igual a 5 na escala Menopausa Rating Scale (MRS). Excluídas gestantes, histórico de ooforectomia bilateral, distúrbios hormonais prévios e outros que dificultasse a participação no estudo. Para coleta dos dados utilizou-se instrumento sociodemográfico, de condições de saúde, estilo de vida. O MRS; Quociente Sexual - feminina (QS-F) e a Escala de Satisfação Conjugal-Dela Coleta. Para análise utilizou-se teste Qui-quadrado de Pearson ou teste exato de Fisher, nos casos em que a frequência foi menor que cinco. Em ambos o nível de significância foi de 5%. O estudo foi aprovado pelo Comitê de Ética em Pesquisa. Resultados: Maior prevalência de disfunção sexual (DS) entre aquelas com idade ≥60 anos; sem ocupação remunerada; com comorbidade; em uso de medicação contínua e sintomas climatéricos severos. A função sexual se mostrou associada a satisfação conjugal. Conclusão: idade ≥60 anos, sintomas climatéricos severos, comorbidades, uso de medicação contínua, predispõe a DS. As alterações fisiológicas associadas a nível de interação com conjugue pode influenciar na DS.

Palavras-chave: Climatério; Disfunção sexual; relacionamento conjugal .

Abstract

Introduction: The climacteric is a physiological event in preparation for aging that can compromise not only the physical and mental state, but also influence the quality of this woman’s interpersonal interactions. Objective: To recognize the factors associated with sexual dysfunction and marital satisfaction in climacteric women assisted in Primary Care. Methods: Cross-sectional research, carried out between October/2019 and March/2020, with 83 women between 40-65 years old, registered in the Family Health Units of a municipality in the interior of Bahia, in a marital relationship, active sexual life in the last 6 months with minimum score equal to 5 on the Menopause Rating Scale (MRS). Excluded pregnant women, history of bilateral oophorectomy, previous hormonal disorders and others that would make participation in the study difficult. To collect data, a sociodemographic, health conditions and lifestyle instrument was used. The MRS; Sexual Quotient - female (QS-F) and the Marital Satisfaction Scale-Her Collection. For analysis, Pearson’s Chi-square test or Fisher’s exact test was used, in cases where the frequency was less than five. In both cases, the significance level was 5%. The study was approved by the Research Ethics Committee. Results: Higher prevalence of sexual dysfunction (SD) among those aged ≥60 years; no paid occupation; with comorbidity; on continuous medication and severe climacteric symptoms. Sexual function was associated with marital satisfaction. Conclusion: age ≥60 years, severe climacteric symptoms, comorbidities, continuous medication use, predisposes to DS. Physiological changes associated with the level of interaction with a spouse can influence SD.

Keywords: Climacteric; sexual dysfunction; marital relationship marriage.

Introdução

Apesar de ser confundida como menopausa, o climatério corresponde a todo período que antecede à suspensão definitiva e fisiológica da menstruação. É um evento caracterizado por redução progressiva dos níveis de hormônios reprodutivos em detrimento da falência ovariana fisiológica que em geral inicia por volta dos 35 anos de idade e perdura até os 65 anos [1].

Além do avançar da idade e alterações hormonais, o climatério também é marcado por modificações físicas e psicológicas, cuja manifestação varia não só sob a influência dos componentes biológicos, mas também, de acordo com o histórico pessoal, estilo de vida, fatores ambientais e socioculturais [1,2].

Na maioria dos casos, as modificações originadas do climatério são acompanhadas por sintomas como: fogachos; alterações de humor repentina; insônia; aumento de peso; irritabilidade; fadiga; secura vaginal problemas na bexiga e sexuais, cuja intensidade também varia de acordo com as particularidades biopsicossociais [2,3].

Estima-se que 50-70% das mulheres apresentem algum sintoma durante a transição climatérica e a depender da maneira como os sintomas manifestam, eles podem repercutir na aceitação da autoimagem, na relação interpessoal; com o conjugue e consequentemente, na função sexual [3,4,5].

A função sexual feminina é um termo abrangente pela diversidade de fatores que contribuem para a que mesma seja experimentada de forma satisfatória4. Estudos demonstram que as queixas relacionadas ao desejo hipoativo, dificuldade do orgasmo, dificuldade na lubrificação, dor gênito-pélvica, têm se tornado cada vez mais frequente entre as mulheres sexualmente ativas, no entanto há evidências de que no climatério essa prevalência se torna um pouco mais elevada independentemente da idade [6,7,8].

Em mulheres climatéricas, por exemplo, estudos já apontam que as modificações físicas e psicológicas, falta de desejo, sensação de culpa diante das alterações que ocorrem com o corpo e até o ambiente familiar; a interação com parceiro pode influenciar no surgimento e ou exacerbação de disfunções sexuais [9].

Diante desse contexto e tendo conhecimento de que as mulheres no climatério representam uma porção ativa da população, se faz necessário distinguir os aspectos que podem influenciar à função sexual e satisfação conjugal desse público, já que ambos podem ser preditores para o bem-estar geral. Descreveu-se os fatores associados à disfunção sexual e satisfação conjugal em mulheres climatéricas assistida na atenção primária Jequié no interior da Bahia.

Métodos

Trata-se de um estudo, transversal, devidamente aprovado pelo Comitê de Ética da Universidade Estadual do Sudoeste da Bahia (CAAE:17507919.7.0000.0055).

O mesmo foi realizado entre outubro/2019 e março de 2020 nas Unidades de saúde da Família (USF) da zona urbana de um município do interior da Bahia. Fizeram parte deste estudo 83 mulheres elegíveis quanto os critérios de inclusão.

Para tal, foram incluídas, mulheres entre 40-65 anos cadastradas nas USF, que estivesse em relacionamento conjugal, vida sexual ativa por no mínimo 6meses e apresentassem sintomas climatéricos confirmadas mediantes escore total da escala Menopause Rating Scale (MRS), leve (5-8); (9-15) ou severo (16 ou mais).

Além disto, fez-se necessário que aquelas que após serem esclarecidas sobre os objetivos do estudo, concordassem em participar, assinando o Termo de Consentimento Livre e Esclarecido.

Foram excluídas gestantes; mulheres que apresentassem história de ooforectomia bilateral; câncer; morbidades que influenciem na função hormonal sexual e/ou que tenham déficit de cognição que dificultasse a participação no estudo.

Quanto os instrumentos

Para coleta de informações sociodemográficas, condições de saúde, estilo de vida e histórico ginecológico foi utilizado um questionário, elaborado, com base em recomendações clínicas e estudos do perfil populacional, testado previamente [10,11].

O Menopause Rating Scale (MRS), instrumento traduzido e validado na língua portuguesa, foi utilizado para mensurar a intensidade dos sintomas climatéricos, tanto a partir do somatório total quanto por seus domínios: Somato-vegetativo: assintomáticos ou escassos (dois pontos ou menos), leves (3-4pontos), moderados (5-8 pontos) e severos (9 pontos ou mais); Psicológicos assintomáticos (0-1); leves (2-3 pontos); moderados (4-6 pontos); severos (mais de 7 pontos); Sintomas urogenitais: assintomáticos (0 pontos); leves (1 ponto); moderados (2-3 pontos) e severos (4 pontos ou mais) [12].

Utilizou-se, também, o Quociente Sexual versão feminina (QS-F), instrumento elaborado e validado para analisar a função sexual do uso na população brasileira, cuja pontuação é dada a partir do somatório das questões (valores≤ 62) demonstram o risco de disfunção sexual [13].

Para avaliação da satisfação conjugal foi aplicada a Escala de Satisfação Conjugal-Dela Coleta (ESC-Dela Coleta), instrumento autoaplicável de origem mexicana, traduzido e validado por Dela Coleta [14].

Análise de dados

As análises descritivas foram realizadas a partir de frequências absolutas e relativas, média e desvio padrão. A averiguação entre a função sexual (desfecho), com as variáveis sociodemográficas, condições de saúde, estilo de vida, intensidade dos sintomas climatérios e histórico ginecológico, foram realizados a partir do teste Qui-quadrado de Pearson (x2). Contudo, nos casos em que a frequência esperada foi menor que cinco (n <5), utilizou-se o teste exato de Fisher.

Em todas as análises foi considerado um nível de significância de 5% (α≤0,05). Os dados foram analisados no Software Statistical Package for Social Sciences (SPSS 21.0, 2013, SPSS, Inc, Chicago, IL).

Resultados

Participaram do estudo 83 mulheres, com média de idade de 50,5 ± 5,8 anos (40 a 49 anos: 47%). A Tabela 1 apresenta associação entre a desfecho estudado com as características sociodemográficas das participantes desse estudo. Averiguou-se que maior prevalência de disfunção sexual 60,0% (6) das a mulheres com idade ≥60 anos apresentavam disfunção sexual; além disto observou-se também que 100 % (2) das sem escolaridade; 77,8% (7) que possuíam renda familiar menor que um salário-mínimo e que 54,2% (13)(p<0,05) das que não apresentavam ocupação remunerada também apresentavam disfunção sexual.

Tabela 1 - Associação da disfunção sexual com características sociodemográficas em mulheres no climatério. Jequié-BA, Brasil, 2019-2020

Variáveis

% resposta

Disfunção Sexual

p-valor

S/DS

C/DS

n

%

N

%

Grupo Etário

100

4,313

0,103*

40-49 anos

29

74,4

10

25,6

50 a 59 anos

21

61,8

13

32,2

≥ 60 anos

4

40,0

6

60,0

Escolaridade

98,8

7,768

0,037*

Analfabeta

-

-

2

100,0

Ensino Fundamental

17

68,0

8

32,0

Ensino Médio

20

57,1

15

42,9

Ensino Superior

17

85,0

3

15,0

Raça/Cor

100

4,618

0,294

Branca

12

63,2

7

36,6

Preta

31

70,5

13

29,5

Parda

10

58,8

7

41,2

Indígena

-

-

2

100,0

Oura

1

100,0

-

-

Arranjo Familiar

98,8

5,153

0,078*

1-2 Pessoas

12

53,8

12

46,2

3-4 Pessoas

32

76,2

10

23,8

≥ 4 Pessoas

7

50,0

7

50,0

Renda Familiar

98,8

10,934

0,010*

<1 Salário -Mínimo

2

22,2

7

77,8

1 Salário -Mínimo

20

62,5

12

37,5

2 Salários-Mínimos

10

62,5

6

37,5

≥3 Salários -Mínimos

21

84,0

4

16,0

Oc. Remunerada

90,4

5,925

0,015

Sim

38

74,5

13

25,5

Não

11

45,8

13

54,2

TC. com o Parceiro

0,204

0,946*

1-10 anos

8

66,7

4

33,3

11 a 20 anos

13

61,9

8

38,1

>20 anos

33

66,0

17

34,0

Religião

98,8

1,033

0,615*

Católica

32

69,6

14

30,4

Protestante

19

63,3

11

36,7

Espírita

2

50,0

2

50,0

Ateu

-

-

-

-

Outra

-

-

-

-

*valor de p obtido a partir do teste exato de Fisher; Oc: ocupação remunerada; TC: tempo de convivência; S/DS: sem disfunção sexual; C/DS: com disfunção sexual.

Em relação às condições de saúde e estilo de vida, ao comparar as mulheres com e sem comorbidades, nota-se prevalência de 47,7% (21) de disfunção sexual entre aquelas que apresentavam comorbidades. No que se refere ao uso contínuo de medicamentos é possível evidenciar maiores taxas de 51,4% (19) para disfunção sexual entre aquelas que fazem uswo de medicação prolongada (Tabela 2).

Tabela 2 - Associação entre função sexual, condições de saúde e estilo de vida em mulheres no climatério. Jequié-BA, Brasil, 2019-2020

Variáveis

% resposta

Função Sexual

p-valor

S/DS

C/DS

n

%

N

%

Comorbidades

100

6,736

0,009

Não

31

79,5

8

20,5

Sim

23

52,3

21

47,7

Medicação Contínua

100

7,910

0,005

Não

36

78,3

10

21,7

Sim

18

48,6

19

51,4

IMC

0,719

0,873*

Baixo Peso

1

100

-

-

Eutrofia

16

61,5

10

38,5

Sobrepeso/Obesidade

37

66,1

19

33,9

Atividade Física

98,8

3,787

0,052

Não

12

53,8

18

46,2

Sim

32

74,4

11

25,6

Tabagismo

100

0,004

1,000*

Não

45

65,2

24

38,4

Sim

9

64,3

5

35,7

Etilismo

100

1,468

0,226

Não

26

59,1

18

40,0

Sim

28

71,8

11

28,2

*valor de p obtido a partir do teste exato de Fisher; D: doença; S/DS: sem disfunção sexual; C/DS: com disfunção sexual.

Quanto a associação entre a função sexual e os sintomas em mulheres no climatério compõe a Tabela 3, nota-se que a disfunção sexual se faz presente em todos os domínios cuja intensidade é classificada como severa. Elencando a prevalência da disfunção sexual entre os domínios dos sintomas como maior grau de severidade, em primeiro lugar observa-se o 80% (4)somatovegetativo em segundo, com 68,2%(15)(p<0,001)o urogenital e por fim o psicológico com 63,2%(12)

Tabela 3 - Associação entre função sexual e sintomas em mulheres no climatério. Jequié-BA, Brasil, 2019-2020

Variáveis

% resposta

Função Sexual

Valor de p

S/DS

C/DS

n

%

n

%

D. Somatovegetativo

100

10,658

0,010*

Assintomático

20

83,3

04

16,7

Leve

23

69,7

10

30,3

Moderado

10

47,6

11

52,4

Severo

01

20,0

04

80,0

D. Psicológico

100

10,448

0,013*

Assintomático

07

63,3

04

36,4

Leve

21

84,0

04

16,0

Moderado

19

67,9

09

32,1

Severo

07

36,8

12

63,2

D. Urogenitais

100

Assintomático

17

94,4

01

5,6

18,180

<0,001

Leve

14

73,7

05

26,3

Moderado

16

66,7

08

33,3

Severo

07

31,8

15

68,2

valor de p obtido a partir do teste exato de Fisher; D: doença; S/DS: sem disfunção sexual; C/DS: com disfunção sexual; S: sintomas.

No que concerne à associação entre função sexual e a satisfação conjugal, foi possível verificar que a função sexual se mostrou associada a satisfação conjugal.

Nesta, 80% (12) das mulheres insatisfeitas apresentaram disfunção sexual.

Tabela 4 - Associação entre função sexual e satisfação conjugal em mulheres no climatério. Jequié-BA, Brasil, 2020

Variáveis

% resposta

Função Sexual

Valor de p

S/DS

C/DS

n

%

n

%

St. Conjugal

100

17,722

<0,001

Neutro

18

66,7

09

33,3

Satisfeito

33

80,5

08

19,5

Insatisfeito

03

20,0

12

80,0

*valor de p obtido a partir do teste exato de; D: doença; S/DS: sem disfunção sexual; C/DS: com disfunção sexual; St: satisfação.

Discussão

Tendo em vista os inúmeros aspectos que influenciam na função sexual das mulheres, principalmente enquanto vivenciam o climatério, observa-se que o perfil sociodemográfico das participantes desta pesquisa corrobora com outros achados da literatura [6,15]. Estudos evidenciam que já na fase inicial da transição climatérica há um aumento da prevalência das queixas sexuais, principalmente no que se refere ao desejo hipoativo e dor gênito-pélvica. No entanto, com o decorrer da transição, esses sintomas se tornam frequentes e as taxas entre mulheres com idade acima de 59 anos, se mostram mais levadas, assim como foi evidenciado neste estudo [15,16].

A presença de comorbidade também é compreendida como um dos fatores que afetam a função sexual de mulheres no climatério. Nessa pesquisa, as taxas referentes à disfunção sexual entre as participantes, que apresentam comorbidades, vão de encontro aos achados na literatura que consideram patologias agudas e crônicas como fatores predisponentes à disfunção sexual [5,17].

Para a literatura, teoricamente, as mulheres a partir dos 60 anos, já passaram pela menopausa (suspensão total dos ciclos menstruais, por mais de 12 meses consecutivos), o declínio hormonal já atingiu o platô, o que consequentemente, pode influenciar na exacerbação dos sintomas e gerar disfunções sexuais [6,18].

Além dos aspectos fisiológicos que implicam na função sexual das mulheres no climatério, a presença de um parceiro sexual, bem como, a interação entre o casal, também são vistos na literatura, como fatores relevantes para a manutenção da atividade sexual [16,19]. No entanto, assim como foi visto neste estudo, as informações em que correlacionam o tempo de convivência com parceiro à função sexual, se mostram díspares. Pois enquanto uns evidenciam que tempo de permanência não é o fator principal da disfunção sexual feminina, outros demonstram que em relacionamentos de longa permanência, há uma tendência à redução da resposta sexual, no que se refere ao desejo [20,21]. Ainda em relação a essa temática, estudo realizado em 2022, aponta que as alterações fisiológicas do climatério, em associação com os as dificuldades enfrentadas por alguns casais podem contribuir para que essas mulheres passem a desenvolver ou exacerbar o quadro de disfunção sexual [20,21].

Conclusão

Este estudo mostrou associação entre a vivência do climatério e a predisposição à disfunção sexual varia entre as mulheres, frente à infinidade de fatores biopsicossociais a que estão expostas. Nota-se que a severidade dos sintomas climatéricos e o a satisfação conjugal destacam-se fatores predisponentes à disfunção sexual, assim podem sofrer influência do contexto hereditário, social, econômico, cultural.

Conclui-se que apesar dos fatores socais não serem determinantes diretos para disfunção sexual, eles podem dificultar a compreensão e acesso à informação em saúde. Diante disso e do perfil das participantes do estudo, vê-se a necessidade de ampliar as orientações em saúde referentes ao período que inicia o climatério, a importância do autoconhecimento para a satisfação sexual para além da reprodução, bem como, a informação sobre a existência de outros tratamentos.

Espera-se que esse estudo possa contribuir para que não só profissionais da saúde, mas a população feminina em geral, possam ampliar seus conhecimentos acerca do processo fisiológico do envelhecimento, bem como, sobre os autoconhecimento e reconhecimento da função sexual e os possíveis fatores que podem influenciar na interação interpessoal e na qualidade de vida desse público.

Conflitos de interesse

Os autores declaram não ter conflitos de interesse de qualquer natureza.

Fontes de financiamento

Financiamento próprio.

Contribuição dos autores

Concepção e desenho da pesquisa: Santos TF, Santos L, Boery RNSO; Coleta de dados: Santos TF; Análise e interpretação dos dados: Santos TF; Santos L; Análise estatística: Santos L; Redação do manuscrito: Santos TF, Santos L, Boery RNSO; Revisão crítica do manuscrito quanto ao conteúdo intelectual importante: Santos TF, Boery RNSO.

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