REVISÃO
A influência da via de parto na síndrome do desconforto respiratório neonatal: uma revisão integrativa
The influence of route of delivery on neonatal respiratory distress syndrome: an integrative review
Jessica Wady Lopes1, Cinira Assad Simão Haddad1, Ana Claudia Tomazetti de Oliveira Novaes1
1Centro Universitário Lusíada (UNILUS), Santos, SP, Brasil
Recebido em: 12 de Maio de 2025; Aceito em: 10 de Junho de 2025
Correspondência: Jessica Wady Lopes, jewady@gmail.com
Lopes JW, Haddad CAS, Novaes ACTO. A influência da via de parto na síndrome do desconforto respiratório neonatal: uma revisão integrativa. Fisioter Bras. 2025;26(3):2264-2282. doi:10.62827/fb.v26i3.1065
Introdução: A síndrome do desconforto respiratório neonatal consiste em uma importante causa de morbimortalidade perinatal. A via de parto está entre os possíveis fatores de influência dessa síndrome. Objetivo: Sumarizou-se evidências sobre a associação entre a via de parto e a síndrome do desconforto respiratório neonatal. Métodos: Para esta revisão integrativa,foram pesquisados estudos observacionais publicados de 2013 a 2023 nas bases dados Literatura Latino-Americana e do Caribe em Ciências da Saúde (LILACS), Medical Literature Analysis and Retrieval System Online (MEDLINE) e serviço americano da National Library of Medicine para livre acesso ao MEDLINE (PubMed). Resultados: a cesariana aumentou o risco de síndrome do desconforto respiratório em 9 dos 12 estudos incluídos nesta revisão, enquanto o parto vaginal causou esse efeito em 1 estudo. Conclusão: grande parte das evidências apontaram a cesariana como fator de risco da síndrome do desconforto respiratório. Porém, novas pesquisas com menor risco de viés são necessárias para validar esta associação, sobretudo em diferentes idades gestacionais.
Palavras-chave: Síndrome do Desconforto Respiratório do Recém-Nascido; Cesárea; Parto Normal.
Introduction: Neonatal respiratory distress syndrome is an important cause of perinatal morbidity and mortality. Route of delivery is one of the possible influencing factors of this syndrome. Objective: Evidence on the association between route of delivery and neonatal respiratory distress syndrome were summarized. Methods: For this integrative review, observational studies published between 2013 and 2023 were searched in the databases Latin American and Caribbean Health Sciences Literature (LILACS), Medical Literature Analysis and Retrieval System Online (MEDLINE) and american service of the National Library of Medicine for free access to MEDLINE (PubMed). Results: caesarean section increased the risk of respiratory distress syndrome in 9 of the 12 studies included in this review, while vaginal delivery caused this effect in 1 study. Conclusion: much of the evidence pointed to caesarean section as a risk factor for respiratory distress syndrome. However, new studies with a lower risk of bias are needed to validate this association, especially at different gestational ages.
Keywords: Respiratory Distress Syndrome; Cesarean Section; Natural Childbirth.
Na década de 1950 a revista científica Lancet trouxe a público o resultado da análise histológica post mortem do tecido pulmonar de 108 nativivos (86 prematuros, 76 meninos e 1 cesariana a cada 5 nascimentos). Ao serem examinadas, as lâminas revelaram colapso alveolar e a presença de um material cujo aspecto vítreo deu origem ao que convencionou-se denominar de Doença da Membrana Hialina [1].
Hoje, essa morbidade atende pelo nome de Síndrome do Desconforto Respiratório (SDR) neonatal e sabe-se que a deficiência do surfactante pulmonar consiste na sua causa primária [2,3]. Para reconhecê-la, são observados sinais de aumento do trabalho respiratório que surgem logo após o nascimento e interpretados resultados de exames, como radiografia ou ultrassonografia torácica, gasometria, entre outros [4,5].
É certo que essa compreensão etiológica e clínica colaborou para o aprimoramento de métodos diagnósticos e terapêuticos [6]. Ainda assim, a SDR acomete 1% dos recém-nascidos [7,8], representa a principal causa de internação na unidade de terapia intensiva neonatal [9,10], ocupa o primeiro lugar entre os distúrbios respiratórios que são causa de óbito no período perinatal [8] e é fatal em mais de 800 casos ao ano [2,3].
Em função disso, importa não apenas reconhecer e intervir oportunamente, mas também desenvolver e implementar estratégias de prevenção. Uma das etapas fundamentais desse processo consiste na identificação de fatores de risco, entre os quais a prematuridade ganha destaque [6,11]. São outros exemplos: baixo peso ao nascimento [12], gênero masculino [13], gestação múltipla [14] e diabetes mellitus materna [15].
Com frequência, pesquisadores adicionam a cesariana a esse grupo alegando que tal procedimento cirúrgico impacta negativamente no desenvolvimento pulmonar [16-18]. Contudo, a exposição ao parto vaginal ocasionou aumento do risco de SDR em alguns estudos [19,20] e, em outros [21-23], a hipótese de associação entre a via de parto e a SDR foi rejeitada ou dependeu da idade gestacional (IG) para ser aceita.
Por um longo tempo essas questões permaneceram em aberto de forma que nem mesmo a meta-análise de ensaios controlados randomizados gerou evidência suficiente para julgar em favor de uma ou outra via de parto [24]. Isso se deve, entre outros motivos, ao rótulo de vulnerabilidade que outrora fora concedido às gestantes e hoje implica baixa participação dessa população em estudos experimentais [25].
Nessas circunstâncias, estudos observacionais acompanhados de métodos estatísticos próprios se mostraram uma excelente alternativa para, de modo não intervencionista, inferir associações causais [26-28]. Apesar disso, revisões que explanam a influência da via de parto na SDR através desses estudos são incomuns, além de fundamentarem-se em evidências publicadas há tempos e na língua inglesa somente [29,30].
Face a essa lacuna na literatura científica e ao potencial do seu preenchimento para cooperar com a reversão do atual quadro epidemiológico da SDR, a presente revisão sumarizou e avaliou criticamente evidências sobre a associação entre a via de parto (cesariana versus vaginal) e a SDR neonatal; averiguou se o efeito da via de parto é constante ao longo das IG.
A questão “a via de parto é um fator de influência da SDR neonatal?” norteou esta revisão integrativa e foi elaborada tendo em mente os componentes do acrônimo PECO (População de interesse: neonatos, Exposição: cesariana, Comparador: parto vaginal e Desfecho ou Outcome: SDR neonatal). A partir disso, as etapas de busca, seleção e avaliação dos estudos foram conduzidas como descrito abaixo.
Em setembro de 2023, realizou-se uma busca por estudos nas bases de dados PubMed, MEDLINE e LILACS utilizando a seguinte estratégia: (Cesárea OR “Parto Normal” OR “Fatores de Risco”) AND (“Síndrome do Desconforto Respiratório do Recém-Nascido” OR “Doença da Membrana Hialina”). Os estudos resultantes foram então selecionados pelo título, resumo ou conteúdo na íntegra.
Os critérios de inclusão adotados consistiram nos seguintes: disponibilidade do texto completa; ano de publicação de 2013 a 2023; idioma inglês, espanhol ou português; modelo de estudo observacional do tipo coorte, caso-controle ou transversal analítico; uso de medidas de associação com intervalo de confiança para estimar o efeito da via de parto (cesariana versus vaginal) na ocorrência de SDR.
Além de revisões, foram excluídos estudos experimentais, qualitativos e duplicados. A exclusão também se sucedeu nestes casos: análise do efeito do trabalho de parto sem distinção da via final de parto; análise da SDR junto a outras causas de desconforto respiratório; amostra formada exclusivamente por gestantes ou neonatos com condições de saúde adversas; dados insuficientes.
A qualidade metodológica dos estudos incluídos foi avaliada com as versões do Checklist JBI (Joanna Briggs Institute) para estudos de coorte, caso-controle e transversal analítico (anexos A–C). Conforme a porcentagem de respostas positivas nesse checklist, classificou-se a qualidade metodológica como baixa (inferior a 60%), média (de 60 a 80%) e alta (superior a 80%). Essa classificação não foi eliminatória.
A condução das etapas descritas acima se deu mediante consulta de ambos, diretrizes metodológicas do Ministério da Saúde voltadas para revisões de estudos observacionais (2014) [31] e manual do JBI para síntese de evidências (2020) [32]. Outras ferramentas auxiliares consistiram nos programas Microsoft Word (editor de texto), Microsoft Excel (editor de planilha) e Zotero (gerenciador de referências).
Inicialmente, a busca realizada nas bases de dados PubMed, MEDLINE e LILACS resultou em 4.527 estudos. Desse total, 3.841 foram excluídos conforme os critérios de elegibilidade relativos à disponibilidade de texto, ano de publicação, idioma e modelo de estudo. A exclusão de mais 660 estudos (9 duplicados) com título ou resumo que foge ao tema em questão ocorreu na sequência (figura 1).
Figura 1 - Fluxograma do processo de seleção dos estudos incluídos na revisão

Legenda: SDR: síndrome do desconforto respiratório.
Fonte: elaborado pelo autor.
Dentre os 26 estudos restantes, todos lidos na íntegra, 14 [9-11,16,17,21,33-40] vieram a ser excluídos por motivos diversos (cesariana não comparada ao parto vaginal em exclusivo, efeito da via de parto não estimado com medidas de associação, SDR analisada junto a outras causas de desconforto respiratório, dado relevante omitido). Assim, o processo de seleção levou a inclusão de 12 estudos [41-52] nesta revisão.
Acerca dos estudos incluídos [41-52], é válido ressaltar o seguinte: foram publicados ao longo de 9 anos (2013, 2015, 2016, 2017, 2018, 2021, 2022 e 2023); provêm de 9 países no total (China, Chipre, Eslovênia, Etiópia, Estados Unidos, Finlândia, Itália, Noruega e Suécia); caracterizam-se como estudos de coorte retrospectivo [41,42,44,47-49,51,52], caso controle [43,45,50] ou transversal analítico [46] (quadro 1).
Quadro 1 - Características dos estudos incluídos na revisão
|
Autores (país, ano) |
Modelo |
Fonte |
Tamanho da amostra/ casos de SDR (n.º) |
IG |
Via de parto: |
Resultados |
|
41 Wondie et al. (Etiópia, 2023) |
Coorte retrospectivo |
UTIN dos hospitais da Universidade de Gondar, Felege hiwot, Tibebe Ghion, Debre Tabor e Debre Markos |
405/193 *peso ao nascer<2.500g |
Incluídas:** (IG média ± SD: 34.7 ± 3.3) |
Parto vaginal espontâneo: 301/152 Parto instrumental: 16/6 Cesariana: 88/35 |
Comparada ao parto vaginal espontâneo, a cesariana foi considerada uma preditora significativa da SDR (aHR 0.62, 95% CI 0.41-0.93) |
|
42 Toijonen et al. (Finlândia, 2022) |
Coorte retrospectivo |
Instituto de Saúde e Bem-Estar Finlandês |
762/125 *apresentação fetal pélvica |
Incluídas: 32-36 |
Parto vaginal: 535/63 Cesariana não emergencial: 227/62 |
Comparado a cesariana, o parto vaginal foi associado a uma redução significativa da chance de SDR (aOR 0.30, 95% CI 0.19–0.48) |
|
43 Stylianou-Riga et al. (Chipre, 2021) |
Caso-controle |
UTIN do Hospital Arcebispo Makarios III |
134/55 |
Incluídas: ≥37 |
Parto vaginal: 63/23 Cesariana: 71/32 |
Comparada ao parto vaginal, a cesariana não causou variação significativa da chance de SDR |
|
44 Lehmann et al. (Noruega, 2018) |
Coorte retrospectivo |
Registo Médico de Nascimento da Noruega |
24.540/56 *1 cesariana prévia |
Incluídas: ≥37 |
Parto vaginal: 13.164/14 Cesariana anterior ao TP (prova de TP ausente): 7.368/31 Cesariana posterior ao TP (prova de TP sem êxito): 3.561/9 Cesariana inespecífica (prova de TP ausente ou sem êxito): 447/2 |
Comparado a cesariana anterior ao TP, o parto vaginal foi associado a uma redução significativa do risco de SDR (aRR 0.24, 95% CI 0.13-0.47). Nos casos de cesariana posterior ao TP e inespecífica, o risco de SDR não variou significativamente |
|
45 Ye et al. (China, 2018) |
Caso-controle |
Departamento neonatal de um hospital de saúde materno-infantil |
640/320 |
Incluídas:** (IG média ± SD: 39.40 ± 1.31 no grupo controle e 38.13 ± 1.81 no grupo caso) |
Parto vaginal: 291/119 Cesariana: 349/201 |
Comparada ao parto vaginal, a cesariana não causou variação significativa da chance de SDR |
|
46 Hou et al. (China, 2017) |
Transversal |
39 hospitais públicos de 14 províncias chinesas |
108.847/464 |
Incluídas: >24 |
Parto vaginal espontâneo: 48.158/212 Parto vaginal operatório: 1.274/22 Cesariana anteparto sem indicação médica: 19.408/18 Cesariana intraparto sem indicação médica: 3.251/4 Cesariana anteparto com indicação médica: 19.242/95 Cesariana intraparto com indicação médica: 17.514/113 |
Comparada ao parto vaginal espontâneo, a cesariana anteparto sem indicação médica foi associada a uma redução significativa da chance de SDR (aOR 0.31, 99% CI 0.16-0.58). Nos casos de cesariana anteparto com indicação médica e intraparto com ou sem indicação médica, a chance de SDR não variou significativamente |
|
47 Bricelj et al. (Eslovênia, 2016) |
Coorte retrospectivo |
Sistema Nacional de Informação Perinatal da Eslovênia |
3.978/556 *gestação gemelar |
Incluídas: 22-36 Subgrupos: I: 22-27 II: 28-29 III: 30-32 IV: 33-36 |
Parto vaginal: 1.836/247 Cesariana: 2.142/309 |
Comparada ao parto vaginal, a cesariana foi associada a um aumento significativo da chance de SDR nos subgrupos I (gêmeos A: OR 3.4, 95% CI 1.3-8.8; B: OR 3.9, 95% CI 1.5-10.0), II (gêmeos A: OR 3.1, 95% CI 1.2-7.8; B: OR 4.9, 95% CI 1.5-16.9) e IV (gêmeos A: OR 2.7, 95% CI 1.4-5.4). Nos casos de cesariana do subgrupo III (gêmeos A e B) e IV (gêmeos B), a chance de SDR não variou significativamente |
|
48 Condò et al. (Itália, 2016) |
Coorte retrospectivo |
Formulário de Alta Hospitalar e Certificado de Assistência ao Parto |
321.327/3.952 |
Incluídas: 23-42 Subgrupos: I: 23-33 II: 34-36 III: 37-42 |
Parto espontâneo: 212.809/888 Parto vaginal operatório: 14.985/146 Cesariana eletiva: 58.465/1.704 Cesariana emergencial: 35.068/1.214 **: 630 |
Comparada ao parto espontâneo, a cesariana eletiva foi associada a um aumento significativo da chance de SDR nos subgrupos II (aOR 2.1, 95% CI 1.7-2.5) e III (aOR 4.1, 95% CI 3.3-5.2) e a cesariana emergencial, nos subgrupos I (aOR 1.5, 95% CI 1.2-1.7), II (aOR 2.2, 95% CI 1.8-2.8) e III (aOR 3.6, 95% CI 2.7-4.6). Nos casos de cesariana eletiva do subgrupo I, a chance de SDR não variou significativamente |
|
49 Mehrabadi et al. (EUA, 2016) |
Coorte retrospectivo |
Centro Nacional de Estatísticas em Saúde, nascimento-morte de lactentes |
4.368.265/27.971 |
Incluídas: 24-43 Subgrupos I: 24-31 II: 32-36 III: 37-38 IV: 39-43 |
Parto vaginal: **/11.633 Cesariana: **/16.338 |
Comparada ao parto vaginal, a cesariana foi associada a um aumento significativo da chance de SDR nos subgrupos I (OR 1.28, 95% CI 1.22-1.35), II (OR 1.84, 95% CI 1.77-1.91), III (OR 2.48, 95% CI 2.34-2.64) e IV (OR 2.27, 95% CI 2.13-2.41) |
|
50 Turitz AL, Gyamfi-Bannerman C. (Estados Unidos, 2016) |
Caso-controle |
Análise secundária de um estudo duplo-cego, placebo-controlado, randomizado e multicêntrico53 (20 instituições americanas) |
1.867/947 *PIG ou AIG |
Incluídas: 22-36 |
Parto vaginal: 1.184/538 Cesariana: 683/409 |
Comparada ao parto vaginal, a cesariana foi associada a um aumento significativo da chance de SDR (aOR 1.54, 95% CI 1.21-1.96) |
|
51 Blue et al. (EUA, 2015) |
Coorte retrospectivo |
UTIN da Universidade do Sul da Califórnia |
652/481 |
Incluídas: 24-30 Subgrupos: I: 24-27 II: 28-30 |
Parto vaginal: 195/126 Cesariana: 457/355 |
Comparada ao parto vaginal, a cesariana foi associada a um aumento significativo da chance de SDR na amostra completa (aOR 1.79, 95% CI 1.10-2.90) e no subgrupo II (OR 1.91, 95% CI 1.02-3.58). Nos casos de cesariana do subgrupo I, a chance de SDR não variou significativamente |
|
52 Altman et al. (Suécia, 2013) |
Coorte retrospectivo |
Registo de Nascimento Sueco |
4.679/630 |
Incluídas: 30-34 |
Parto vaginal: **/184 Cesariana anterior ao TP: **/66 Cesariana posterior ao TP: **/358 Cesariana inespecífica: **/22 |
Comparadas ao parto vaginal, as cesarianas anterior e posterior ao TP foram associadas a um aumento significativo da chance de SDR (aOR 2.57, 95% CI 1.75-3.77 e aOR 2.13, 95% CI 1.67-2.72, respectivamente). Nos casos de cesariana inespecífica, a chance de SDR não variou significativamente |
Legenda: aHR: adjusted hazard ratio; AIG: apropriado para a idade gestacional; aOR: adjusted odds ratio; aRR: adjusted relative risk; CI: confidence interval; g: gramas; IG: idade gestacional; n.º: número; OR: odds ratio; PIG: pequeno para a idade gestacional; SD: standard deviation; SDR: síndrome do desconforto respiratório; TP: trabalho de parto; UTIN: unidade de terapia intensiva neonatal; *critério de inclusão; **dado omitido no estudo de origem.
Fonte: elaborado pelo autor.
Ao todo, ocorreram 35.750 casos de SDR em uma população de 4.836.096 neonatos (IG de 22 a 43 semanas). Entre aqueles com SDR, 20.747 nasceram via cesariana e 14.373, via vaginal (630 partos indefinidos). A cesariana configurou-se como fator de risco da SDR em 9 estudos [41,42,44,47-52] e como fator proteção, em 1 estudo [46]. Não houve qualquer associação entre a via de parto e a SDR em 2 estudos [43,45].
Foi conduzida uma análise secundária dos 4 estudos [47-49,51] com amostra estratificada em subgrupos de IG. Como se observa no quadro 2, ao menos um dos referidos estudos apontou a cesariana como fator de risco da SDR em cada IG de 22 a 43 semanas. Um estudo [51] sugeriu que a associação entre a via de parto e a SDR perde a significância nas IG de 24 a 27 semanas e outro [47], nas IG de 30 a 32 semanas.
Quadro 2 - Resultados dos estudos com amostra estratificada em subgrupos de idade gestacional
|
IG / Autores (ano) |
*Bricelj et al. |
Condò et al. (2016) |
Mehrabadi et al. (2016) |
Blue et al. |
|
22 |
CS (gêmeos A: OR 3.4, 95% CI 1.3-8.8; gêmeos B: OR 3.9, 95% CI 1.5-10.0) |
IG não incluída |
IG não incluída |
IG não incluída |
|
23 |
CS (emergencial: aOR 1.5, 95% CI 1.2-1.7) |
|||
|
24 |
CS (OR 1.28, 95% CI 1.22-1.35) |
A via de parto não causou variação significativa do risco de SDR |
||
|
25 |
||||
|
26 |
||||
|
27 |
||||
|
28 |
CS (gêmeos A: OR 3.1, 95% CI 1.2-7.8; gêmeos B: OR 4.9, 95% CI 1.5-16.9) |
CS (OR 1.28, 95% CI 1.22-1.35) |
CS (OR 1.91, 95% CI 1.02-3.58) |
|
|
29 |
||||
|
30 |
A via de parto não causou variação significativa do risco de SDR |
|||
|
31 |
IG não incluída |
|||
|
32 |
CS (OR 1.84, 95% CI 1.77-1.91) |
|||
|
33 |
CS (gêmeos A: OR 2.7, 95% CI 1.4-5.4) |
|||
|
34 |
CS (emergencial: aOR 2.2, 95% CI 1.8-2.8; eletiva: aOR 2.1, 95% CI 1.7-2.5) |
|||
|
35 |
||||
|
36 |
||||
|
37 |
IG não incluída |
CS (emergencial: aOR 3.6, 95% CI 2.7-4.6; eletiva: aOR 4.1, 95% CI 3.3-5.2) |
CS (OR 2.48, 95% CI 2.34-2.64) |
|
|
38 |
||||
|
39 |
CS (OR 2.27, 95% CI 2.13-2.41) |
|||
|
40 |
||||
|
41 |
||||
|
42 |
||||
|
43 |
IG não incluída |
Legenda: aOR: adjusted odds ratio; CI: confidence interval; CS: cesariana; IG: idade gestacional; OR: odds ratio; SDR: síndrome do desconforto respiratório; *critério de inclusão: gestação gemelar.
Fonte: elaborado pelo autor.
Por fim, e de acordo com as pontuações dos checklists JBI, tem-se que a qualidade metodológica dos estudos de coorte retrospectivos variou entre alta (3) [44,51,52], média (3) [41,48,49] e baixa (2) [42,47]. Os 3 estudos caso-controle [43,45,50] e o estudo transversal analítico [46] apresentaram qualidade metodológica média apenas. Essa classificação e as respostas aos itens dos checklists estão dispostas no quadro 3.
Quadro 3 - Classificação da qualidade metodológica dos estudos incluídos na revisão
|
Modelo |
Autor (ano) |
Itens do checklist JBI |
QM |
||||||||||
|
1 |
2 |
3 |
4 |
5 |
6 |
7 |
8 |
9 |
10 |
11 |
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Estudos de coorte |
Wondie et al. (2023) |
S |
S |
I |
S |
S |
N |
S |
S |
I |
S |
S |
M |
|
Toijonen et al. (2022) |
S |
S |
I |
S |
S |
S |
I |
S |
N |
N |
N |
B |
|
|
Lehmann et al. (2018) |
I |
S |
S |
S |
S |
S |
I |
S |
S |
S |
S |
A |
|
|
Bricelj et al. (2016) |
I |
S |
I |
N |
S |
N |
S |
S |
N |
N |
I |
B |
|
|
Condò et al. (2016) |
S |
S |
S |
S |
S |
N |
I |
S |
N |
N |
S |
M |
|
|
Mehrabadi et al. (2016) |
I |
S |
I |
S |
S |
S |
I |
N |
S |
S |
S |
M |
|
|
Blue et al. (2015) |
S |
S |
S |
S |
S |
S |
S |
S |
N |
N |
S |
A |
|
|
Altman et al. (2013) |
S |
S |
I |
S |
S |
N |
S |
S |
S |
S |
S |
A |
|
|
Estudos |
Stylianou-Riga et al. (2021) |
S |
S |
S |
I |
S |
S |
S |
S |
N |
S |
X |
M |
|
Ye et al. (2018) |
I |
S |
S |
I |
S |
S |
S |
I |
N |
S |
X |
M |
|
|
Turitz AL, Gyamfi-Bannerman C. (2016) |
S |
S |
S |
I |
S |
S |
S |
I |
N |
S |
X |
M |
|
|
Estudo transversal |
Hou et al. (2017) |
S |
N |
S |
S |
S |
S |
N |
S |
X |
X |
X |
M |
Legenda: A: alta; B: baixa; I: incerto; M: média; N: não; QM: qualidade metodológica; S: sim; X: item inexistente no checklist de origem.
Fonte: elaborado pelo autor.
As evidências apresentadas em 9 [41,42,44,47-52] dos 12 estudos [41-52] incluídos nesta revisão indicam que, comparada ao parto vaginal, a cesariana aumenta o risco SDR neonatal. A significância desse resultado, cabe mencionar, foi atestada em uma larga faixa de IG (22 a 43 semanas) e nas mais variadas condições de nascimento (baixo peso, apresentação pélvica e parto gemelar, por exemplo) [41,42,47].
Outros pesquisadores obtiveram resultado semelhante ao referido acima. Esse é o caso de Karlström et al. [54] que registraram aumento do risco de SDR em neonatos expostos a cesariana eletiva e emergencial (adjusted odds ratio 2.7 e 2.1, respectivamente). De modo complementar, Barzilay et al. [33] constataram redução do risco de SDR em pares de gêmeos nascidos via vaginal (adjusted odds ratio 0.24).
Verdadeiramente, enquanto procedimento cirúrgico, a cesariana implica ausência da compressão torácica durante a passagem pela via de parto, menor atividade dos canais de sódio epiteliais alveolares e déficit de hormônios, tais como os corticosteroides e as catecolaminas. Juntos, esses fatores levam a retenção do fluido pulmonar, a queda da produção de surfactante e, em última análise, a SDR [55-57].
Ao contrário, o parto vaginal responde pela absorção de um terço do fluido pulmonar, além de estimular a ativação de mecanismos humorais fundamentais à maturação do sistema surfactante [18,57]. Por isso, mais do que uma etapa de transição para a vida extrauterina, o nascimento via vaginal tende a ser considerado um potencial fator de proteção da SDR e de outras morbidades respiratórias [35,58].
Quanto a extensão desse efeito da via de parto para diferentes subgrupos de IG, 4 estudos [47-49,51] que constam nesta revisão a investigaram. Como resultado, a cesariana persistiu aumentando o risco da SDR em 11 do total de 13 subgrupos que abrangeram IG de 22 a 43 semanas. Logo, supõe-se que a maior parte dos neonatos se beneficiaria do parto vaginal em se tratando de prevenir a SDR.
Outra suposição realizada com base nas evidências levantadas se refere a ocorrência de SDR em neonatos com IG não correspondente a prematuridade. Todavia, existe a hipótese destes neonatos cursarem, na realidade, com a SDR aguda pediátrica cuja etiologia não está relacionada a imaturidade pulmonar, e sim a um insulto conhecido que resulta em sintomas manifestos na primeira semana de vida [59,60].
Em todo o caso, os resultados até então discutidos são contrários àqueles apresentados em 3 estudos [43,45,46] integrantes desta revisão. De forma mais específica, a cesariana a pedido materno ocasionou redução do risco de SDR no estudo de Hou et al. [46] e, estatisticamente, a associação entre a via de parto e a SDR não se mostrou significativa nos estudos de Stylianou-Riga et al. [43] e de Ye et al. [45].
Para justificarem o menor risco de SDR oferecido pela cesariana a pedido materno, Hou et al. [46] argumentaram que, entre os partos assim caracterizados no estudo, 72,9% foram realizados após 39 semanas gestacionais. Consequentemente, o resultado obtido por esses autores não deve ser interpretado como um encorajamento a cesariana, mas como um alerta contra sua realização precoce sem indicação médica.
Tanto Stylianou-Riga et al. [43] quanto Ye et al. [45] não se manifestaram sobre a falta de associação entre a via de parto e a SDR com a qual se depararam. No entanto, Stylianou-Riga et al. [43] deram seguimento nas investigações e observaram que o risco de SDR aumenta na ausência do trabalho de parto (adjusted odds ratio 11.92 para cesariana eletiva versus cesariana não eletiva combinada ao parto vaginal).
Independentemente dos resultados, existem falhas metodológicas nos estudos [41-52] que se encontram nesta revisão. Por exemplo, descrições da cesariana e do parto vaginal referentes a indicação médica, trabalho de parto ou intervenção obstétrica constaram em apenas 4 estudos [44,46,48,51]. Ademais, quando não omitidos, os critérios ou métodos diagnósticos da SDR variaram de modo considerável entre os autores.
Por outro lado, um aspecto comum a 11 estudos [41-46,48-52] consistiu no reconhecimento de fatores de confusão. Entre tais fatores destacaram-se a IG, percentil fetal, peso ao nascimento e gênero do neonato, bem como paridade, idade, índice de massa corpórea e estado de saúde materna. Corticosteroide pré-natal, ocitocina, anestesia e tempo de parto foram, no entanto, pouco ou não abordados nos estudos.
Dito isso, nota-se a presença de limitações relevantes nesta revisão, quais sejam: estratégia de busca que não identificou estudos de coorte prospectivos elegíveis; pequeno volume de estudos que contribuíram para explanar o efeito da via parto ao longo das IG; inclusão de estudos que não definiram a exposição ou o desfecho uniformemente e não reconheceram todos os potenciais fatores de confusão.
Os pontos fortes desta revisão também merecem destaque e podem ser resumidos da seguinte forma: levantamento de evidências atuais e de nacionalidades múltiplas; dados representados exclusivamente por medidas de associação precisas; aplicação dos checklists JBI, os quais são designados, em essência, para a análise da qualidade metodológica de estudos observacionais.
De acordo com os resultados da presente revisão, a cesariana aumenta o risco de SDR neonatal a despeito da IG. Contudo, em virtude da pequena quantidade e mediana qualidade metodológica dos estudos que levaram a esta conclusão, faz-se necessário que novas pesquisas com menor risco de viés sejam dedicadas a análise da influência da via de parto na SDR, sobretudo em diferentes IG. Essas pesquisas, de fato, têm muito a contribuir para a elaboração e/ou aprimoramento das medidas de prevenção da SDR, mas até que isso venha a se concretizar, é recomendado tomar a decisão sobre a via de parto com base nas atuais evidências científicas que abordam os riscos e benefícios da cesariana e do parto vaginal para cada binômio materno-fetal em particular.
Conflitos de interesse
Os autores declaram não haver conflitos de interesse de qualquer natureza.
Fontes de financiamento
Não houve financiamento.
Contribuição dos autores
Concepção e desenho da pesquisa: Lopes JW, Haddad CAS, Novaes ACTO; Coleta de dados: Lopes JW, Haddad CAS, Novaes ACTO; Análise e interpretação dos dados: Lopes JW, Haddad CAS, Novaes ACTO; Análise estatística: Lopes JW, Haddad CAS, Novaes ACTO; Redação do manuscrito: Lopes JW, Haddad CAS, Novaes ACTO; Revisão crítica do manuscrito quanto ao conteúdo intelectual importante: Lopes JW, Haddad CAS, Novaes ACTO.
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