Perfil epidemiológico de Sífilis Gestacional na 20ª Regional de Saúde no Período de 2019 a 2023
DOI:
https://doi.org/10.62827/eb.v24i3.4065Palavras-chave:
Serviços de Vigilância Epidemiológica; Gestantes; Sífilis.Resumo
Introdução: A sífilis é uma Infecção Sexualmente Transmissível (IST) causada pela bactéria Treponema pallidum e pode ser transmitida por relações sexuais ou de mãe para filho. A infecção ocorre em duas formas: adquirida, por meio de contato sexual, e congênita, quando a mãe infectada transmite a bactéria ao feto. A sífilis apresenta três fases: primária (com lesão cancro duro), secundária (erupções cutâneas) e terciária (complicações graves). A transmissão vertical é alta nas fases iniciais e pode resultar em complicações sérias para o feto. O tratamento eficaz para a sífilis gestacional é a benzilpenicilina, que deve ser iniciado o quanto antes durante a gestação. O diagnóstico e tratamento adequados são essenciais para evitar a sífilis congênita, que pode ter manifestações clínicas precoces ou tardias. O enfermeiro tem um papel crucial na triagem, diagnóstico e acompanhamento das gestantes. A análise do perfil epidemiológico das gestantes com sífilis é importante para planejar ações que reduzam a transmissão vertical e as desigualdades no acesso à saúde materno-infantil. Objetivo: Analisou-se o perfil epidemiológico da sífilis gestacional na 20ª Regional em Saúde no período de 2019 a 2023. Métodos: Pesquisa descritiva, exploratória e retrospectiva, com abordagem quantitativa e indireta. Os dados foram coletados a partir dos casos confirmados de sífilis gestacional por intermédio do Sistema de Informação e Agravos de Notificação (SINAN), abrangendo o período de 2019 a 2023 na 20ª Regional em Saúde do Paraná. Resultados: Apresentou-se 649 casos de sífilis gestacional, com predominância em mulheres na faixa etária de 20 a 39 anos. Entre as gestantes, 49,61% (322) eram brancas, 32,51% (211) possuíam ensino médio completo, e 47,61% (309) eram residentes de Toledo. A classificação “ignorados/branco” foi observada em 44,53% (289) dos casos, indicando falhas no preenchimento das notificações. Os testes treponêmicos apresentaram resultado positivo em 96,61% (627) dos casos, enquanto 74,26% (482) das gestantes tiveram resultados reagentes nos testes não treponêmicos, evidenciando a presença de infecção ativa e necessidade de controle eficaz. Conclusão: A sífilis gestacional apresentou predomínio em gestantes entre 20 a 39 anos, brancas, com ensino médio completo e residentes no município de Toledo, Paraná. A alta subnotificação e falhas na classificação clínica evidenciam a necessidade de aprimorar a vigilância epidemiológica e a capacitação dos profissionais de saúde.
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