REVISÃO
Assistência de enfermagem no controle de infecções orais em pacientes internados em Unidade de Terapia Intensiva (UTI): Uma revisão de literatura
Taynara Vieira de Morais1, Andressa Ubiali Andrade1, Marciele Reis dos Santos1, Pamela de Castro Friedrich1, Heveraldo Junior Santana Buffon1
1Centro Universitário Maurício de Nassau (UNINASSAU), Cacoal, RO, Brasil
Recebido em: 16 de Outubro de 2025; Aceito em: 13 de Novembro de 2025.
Correspondência: Taynara Vieira de Morais, taynaramorais28072002@gmail.com
Como citar
Morais TV, Andrade AU, Santos MR, Friedrich PC, Buffon HJS. Assistência de enfermagem no controle de infecções orais em pacientes internados em Unidade de Terapia Intensiva (UTI): Uma revisão de literatura. Enferm Bras. 2025;24(5):2901-2910. doi:10.62827/eb.v24i5.4095
Introdução: A higienização oral é um fator essencial na prevenção e manutenção da saúde, atuando na redução da proliferação de microrganismos e na prevenção de doenças decorrentes da insuficiência de cuidados em Unidades de Terapia Intensiva (UTI). Objetivo: Descreveu-se os principais cuidados orais prestados nas UTIs e destacou-se as comorbidades decorrentes da falha dessa assistência. Métodos: Trata-se de uma revisão bibliográfica integrativa, de abordagem qualitativa, que selecionou 12 artigos publicados entre 2013 e 2023 nas bases de dados Scientific Electronic Library Online (SciELO) e Biblioteca Virtual em Saúde (BVS), dos quais cinco foram escolhidos por atenderem plenamente aos critérios de inclusão. Resultados: Viu-se que em alguns serviços, a higienização oral é realizada apenas uma vez a cada 24 horas por paciente, sendo a escovação recomendada como principal meio de controle da formação de placa bacteriana e biofilme. Verificou-se também que o uso de gluconato de clorexidina e extrato etanólico de própolis apresenta resultados eficazes na redução do fluxo salivar e prevenção do ressecamento labial. Destaca-se a necessidade de profissionais qualificados e capacitados, comprometidos com a atualização constante e a aplicação de protocolos institucionais que garantam uma assistência segura e de qualidade. Conclusão: A deficiência na higienização oral pode agravar o estado clínico dos pacientes, prolongar a internação e favorecer o surgimento de complicações, reforçando a importância de práticas sistematizadas e de uma equipe de enfermagem preparada para garantir um cuidado eficaz em ambiente intensivo.
Palavras-chave: Higiene; Clorexidina; Escovação Dentária; Placa Dentária.
Nursing care in the control of oral infections in patients admitted to the Intensive Care Unit (ICU): A literature review
Introduction: Oral hygiene is an essential factor in the prevention and maintenance of health, acting to reduce the proliferation of microorganisms and prevent diseases resulting from insufficient care in Intensive Care Units (ICUs). Objective: The main oral care measures provided in ICUs were described and comorbidities resulting from this lack of care were highlighted. Methods: This integrative literature review, with a qualitative approach, selected 12 articles published between 2013 and 2023 in the Scientific Electronic Library Online (SciELO) and Virtual Health Library (VHL) databases, of which five were chosen for fully meeting the inclusion criteria. Results: In some services, oral hygiene is performed only once every 24 hours per patient, with toothbrushing recommended as the primary means of controlling plaque and biofilm formation. The use of chlorhexidine gluconate and propolis ethanol extract was also found to be effective in reducing salivary flow and preventing dry lips. This highlights the need for qualified and trained professionals committed to constant training and the application of institutional protocols that ensure safe and high-quality care. Conclusion: Poor oral hygiene can worsen patients’ clinical condition, prolong hospital stays, and favor the emergence of complications, reinforcing the importance of systematic practices and a nursing team prepared to ensure effective care in an intensive care setting.
Keywords: Hygiene; Chlorhexidine; Toothbrushing; Dental Plaque.
Cuidados de enfermería en el control de infecciones bucales em pacientes ingressados em la Unidad de Cuidados Intensivos (UCI): Una revisión de la literatura
Introducción: La higiene bucal es un factor esencial en la prevención y el mantenimiento de la salud, ya que actúa para reducir la proliferación de microorganismos y prevenir enfermedades derivadas de la atención insuficiente en las Unidades de Cuidados Intensivos (UCI). Objetivo: Se describieron las principales medidas de cuidado bucal proporcionadas en las UCI y se destacaron las comorbilidades derivadas de esta falta de atención. Métodos: Esta revisión integrativa de la literatura, con un enfoque cualitativo, seleccionó 12 artículos publicados entre 2013 y 2023 en las bases de datos de la Biblioteca Electrónica Científica en Línea (SciELO) y la Biblioteca Virtual en Salud (BVS), de los cuales cinco fueron seleccionados por cumplir plenamente con los criterios de inclusión. Resultados: En algunos servicios, la higiene bucal se realiza solo una vez cada 24 horas por paciente, recomendándose el cepillado dental como principal método para controlar la formación de placa y biopelícula. El uso de gluconato de clorhexidina y extracto etanólico de propóleo también demostró ser eficaz para reducir el flujo salival y prevenir la sequedad labial. Esto resalta la necesidad de profesionales cualificados y capacitados, comprometidos con la capacitación constante y la aplicación de protocolos institucionales que garanticen una atención segura y de alta calidad. Conclusión: Una higiene bucal deficiente puede empeorar el estado clínico de los pacientes, prolongar la estancia hospitalaria y favorecer la aparición de complicaciones, lo que refuerza la importancia de las prácticas sistemáticas y de un equipo de enfermería preparado para garantizar una atención eficaz en cuidados intensivos.
Palabras-clave: Higiene; Clorhexidina; Cepillado Dental; Placa Dental.
Desde a Antiguidade, a importância de uma boa higienização oral se torna um dos requisitos básicos para uma boa prática de saúde pessoal. Estudos sugerem que essa prática é datada de 4000 a.C., em que já era realizada tal limpeza a partir de um método que consistia em esfregar os dedos nos dentes e gengivas, a fim de eliminar resíduos da cavidade bucal. Hodiernamente, essa prática se tornou comum no cotidiano de várias pessoas, porém esse uso se torna restringido no quesito aos indivíduos hospitalizados em tratamento nos centros e Unidades de Terapia Intensiva (UTI) [1].
As UTIs abrangem vários âmbitos, dentre eles está a higiene bucal, que frequentemente não é praticada por parte dos profissionais atuantes nessas unidades, por motivos de falta de protocolos, conhecimento e treinamento. Isso gera consequências aos pacientes internados, tornando-os expostos aos fatores de riscos como infecções de vias aéreas provindas da não higienização, e muitas das vezes evoluindo para a pneumonia associada com a ventilação mecânica [2].
A prática de uma boa limpeza nesses indivíduos deve prevenir infecções e patógenos, que evitam doenças e infecções, como gengivite e placas bacterianas no tubo orotraqueal, que podem comprometer a deglutição, as cordas vocais, ocasionando a perda da fala e a mastigação, após a desintubação. Ademais, aqueles pacientes que já são imunossuprimidos e acarretados com alguma patologia crônica tendem a maior risco de sepse, podendo evoluir para óbito [3].
Observa-se a importância de os profissionais de saúde ter o conhecimento adequado para praticar a higiene oral tendo conhecimentos científicos internacionais e nacionais. Essas equipes devem-se responsabilizar para as manutenções e cuidados dessa higiene, realizando a atenção primária para que haja o equilíbrio bucal, melhorando a qualidade vida, estadia e minimizando o desconforto dos pacientes hospitalizados que são dependentes, principalmente da equipe de enfermagem [4].
Descreveu-se nesse estudo sobre a avaliação da limpeza oral, utilizando o processo de remoção de sujidades proporcionando bem-estar, melhoria na qualidade de vida e atuando na prevenção das taxas de infecções e declínio de óbitos por sepse.
Trata-se de uma pesquisa bibliográfica, do tipo revisão integrativa da literatura, realizada com o objetivo de reunir, analisar e sintetizar o conhecimento científico disponível acerca da higienização oral em pacientes internados em UTI. Esse tipo de estudo permite identificar padrões, tendências e lacunas na produção científica, contribuindo para o aprimoramento da prática clínica de enfermagem e para a formulação de estratégias de cuidado mais eficazes. A questão norteadora da revisão foi: quais são as práticas e cuidados de enfermagem relacionados à higienização oral em pacientes internados em UTI? A busca foi conduzida nas bases da Scientific Electronic Library Online (SciELO) e Biblioteca Virtual em Saúde (BVS Brasil), utilizando os descritores “Higiene Oral”, “Assistência de Enfermagem”, “Terapia Intensiva” e “Infecção”, definidos conforme o DeCS (Descritores em Ciências da Saúde) e combinados pelo operador booleano AND. As buscas foram realizadas entre setembro e outubro de 2023, considerando publicações de 2013 a 2023, com base em estudos que abordassem diretamente a prática de enfermagem e a prevenção de infecções em pacientes críticos.
Foram incluídos artigos disponíveis na íntegra, com conteúdo relevante e atualizado, enquanto foram excluídos aqueles repetidos, superficiais ou que não respondessem à questão de pesquisa. Inicialmente, identificaram-se 12 estudos, dos quais 5 foram selecionados após aplicação dos critérios de elegibilidade. As informações foram extraídas dos textos completos, considerando autores, ano, objetivos, metodologia e resultados. Por se tratar de uma revisão integrativa de abordagem qualitativa, não se aplicaram instrumentos formais de avaliação metodológica, visto que o propósito foi identificar e interpretar evidências relevantes para a prática de enfermagem. A análise foi conduzida de forma narrativa e interpretativa, buscando relacionar os achados entre si e discutir suas implicações para a assistência e segurança do paciente em UTI.
No primeiro momento foram identificados 12 artigos no total. Desses, apenas 5 foram incluídos no estudo por atenderem aos critérios de inclusão, ou seja, apresentavam relevância científica, conteúdo completo, assunto específico relacionado ao tema da pesquisa e estavam dentro do período dos últimos 10 anos. Os 7 artigos restantes foram excluídos por não atenderem a esses critérios, enquadrando-se nos critérios de exclusão, como estudos irrelevantes, superficiais ou fora do período estabelecido. A estratégia de busca utilizada está representada no Fluxograma 1.
Fluxograma 1 – Estratégia de busca, exclusão e inclusão.

Fonte: autores, 2025.
A fim de sintetizar as principais evidências científicas relacionadas à higienização oral em pacientes internados em UTI, elaborou-se o Quadro 1, que contempla a análise detalhada dos estudos selecionados para este trabalho. Ele apresenta informações referentes ao tipo de produção, ano de publicação, objetivos e principais resultados obtidos em cada pesquisa. Essa sistematização permite compreender como diferentes autores abordaram a temática, evidenciando as contribuições científicas acerca das práticas de higienização oral, seus impactos na saúde do paciente crítico e a importância do papel da equipe de enfermagem nesse contexto. Dessa forma, o Quadro 1 favorece uma visão comparativa e integrativa dos achados, servindo de base para discussões posteriores sobre as condutas e desafios relacionados ao cuidado bucal em ambiente intensivo.
Quadro 1 - Análise dos artigos relacionados ao presente estudo.
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Estudo |
Tipo de |
Objetivos |
Principais resultados |
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Milano et al. |
Artigo quantitativo/ 2023 |
Importância e os fatores que interferem na higienização oral adequada de pacientes na UTI (Unidade de Terapia Intensiva) buscando melhorias nesse processo. |
Foi realizado pesquisa quantitativa com profissionais de saúde colocando em pauta o quesito da higienização oral em UTI e obtidos 103 questionários respondidos ressaltando que a prática da higienização oral é realizada pela maioria da equipe somente uma vez durante o período de 24 horas por paciente. |
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Makabe et al. |
Artigo quantitativo/ 2018 |
O objetivo deste trabalho foi avaliar a higienização bucal com água filtrada, digluconato de clorexidina e extrato etanólico de própolis em pacientes internados na UTI. |
No resultado com a água filtrada foram, 50 pacientes, sendo, 33 homens e 17 mulheres, com a faixa etária mínima de 21 anos e a máxima de 90 anos, em todos os pacientes foi observada redução do fluxo salivar e ressecamento labial. Já com o digluconato de clorexidina foram 50 pacientes, 30 homens e 20 mulheres, com a média de idade mínima 18 anos e máxima de 84 anos e em todos os pacientes foi observada diminuição do fluxo salivar e ressecamento labial. E o extrato etanólico de própolis com 50 pacientes, sendo, 31 homens e 19 mulheres entre 24 anos e 84 anos e em todos os pacientes foi observada diminuição do fluxo salivar e ressecamento labial. |
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Nogueira; Jesus |
Artigo de revisão / 2017 |
Identificar as contribuições de pesquisas produzidas por enfermeiros acerca dos cuidados bucais em pacientes hospitalizados em UTI. |
Práticas de enfermagem relacionadas ao controle mecânico na formação de biofilme, além de eleger e recomendar a prática de escovação para o controle da formação dessas placas oriundas da má higienização oral. |
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Orlandini; Lazzari |
Artigo quantitativo/ 2012 |
O objetivo é o conhecimento dos profissionais de enfermagem, que realizam ou supervisionam os cuidados de HO em pacientes criticamente enfermos, e como objetivo secundário, verificar como julgam o cuidado prestado na instituição. |
Os resultados mostram que 50% dos enfermeiros e 72,8% dos técnicos concordam que a higiene oral no paciente crítico é importante, mas não há relação com a pneumonia associada à ventilação mecânica (PAVM). Da amostra, 16,6% dos enfermeiros e 66,6% dos técnicos de enfermagem concordam que a rotina da instituição é adequada, sendo que 66,6% dos enfermeiros e 30,7% dos técnicos indicam novas práticas. |
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Santos et al. |
Artigo quantitativo/ 2008 |
O objetivo deste estudo foi avaliar a eficiência da ação antimicrobiana da solução bucal com sistema enzimático associada à higiene oral, em pacientes totalmente dependentes de cuidados internados em UTI. |
Os resultados microbiológicos das culturas coletadas nos grupos de estudo e controle, antes e após o uso da solução enzimática, mostraram que não houve diferença significativa entre os grupos (p = 0,41). Na avaliação clínica do Índice de Higiene Oral Simplificada (IHOS) houve significância estatística pelo teste Exato de Fisher (p = 0,01), quando comparados os grupos de estudo e controle. O valor de significância estatística foi estabelecido em 5%, ou p < 0,05. |
Fonte: elaborado pelos autores, através dos dados da pesquisa, 2025.
Os resultados desta revisão integrativa evidenciam que a higienização oral em pacientes internados em UTI ainda é uma prática realizada de forma limitada e, muitas vezes, sem padronização adequada entre os profissionais de saúde. Os estudos analisados demonstraram que a frequência da higiene oral é, na maioria das vezes, realizada apenas uma vez ao dia, o que é insuficiente para garantir a prevenção de infecções e o bem-estar do paciente crítico. Além disso, os trabalhos destacam que, embora os profissionais reconheçam a importância desse cuidado, há divergências quanto à associação entre a higiene oral e a prevenção da pneumonia associada à ventilação mecânica (PAVM). Observou-se também que o conhecimento técnico dos profissionais, principalmente dos técnicos de enfermagem, ainda é limitado, o que compromete a qualidade do cuidado prestado.
Em contrapartida, algumas pesquisas demonstraram avanços no uso de diferentes soluções e produtos para a higienização oral, como o digluconato de clorexidina, o extrato de própolis e soluções enzimáticas, embora os resultados microbiológicos nem sempre apresentem diferenças significativas. Esses achados reforçam a necessidade de atualização constante dos protocolos assistenciais e de capacitação das equipes de enfermagem quanto à importância e à técnica correta de higiene oral em pacientes críticos. Diante disso, os resultados desta revisão ressaltam a urgência de se desenvolver e implementar protocolos padronizados e programas educativos permanentes que incentivem a prática adequada da higienização oral, contribuindo para a redução de infecções hospitalares e para a melhoria da qualidade da assistência em saúde dentro das UTIs.
Os resultados desta revisão integrativa permitiram identificar que a higienização oral em pacientes internados em UTI ainda é um cuidado realizado de forma limitada e pouco padronizada entre os profissionais de enfermagem. A maioria dos estudos analisados aponta que esse procedimento é frequentemente executado apenas uma vez a cada 24 horas, o que é insuficiente para garantir a integridade da cavidade bucal e prevenir infecções oportunistas, como a PAVM [5]. Esses achados respondem ao objetivo deste estudo ao evidenciar que, embora os profissionais reconheçam a importância da higienização oral, sua execução ainda carece de sistematização e atualização técnica, reforçando a necessidade de protocolos institucionais e capacitação continuada da equipe.
Em consonância com a literatura, autores como Orlandini e Lazzari [2] e Reis et al. [5] apontam que, mesmo diante do reconhecimento da relevância desse cuidado, muitos profissionais não associam diretamente a higiene oral à prevenção da PAVM, limitando sua realização à limpeza superficial da cavidade bucal. Essa percepção reduz a efetividade da assistência e demonstra lacunas no conhecimento técnico sobre o impacto microbiológico e sistêmico da má higienização oral. Outros estudos, como o de Nogueira e Jesus [6], reforçam que a escovação e o controle mecânico do biofilme são estratégias fundamentais para evitar a formação de placas bacterianas e, consequentemente, complicações respiratórias em pacientes críticos.
Além disso, pesquisas recentes, como as de Makabe et al. [3] e Santos et al. [7], destacam o uso de diferentes soluções antissépticas como digluconato de clorexidina, extrato etanólico de própolis e soluções enzimáticas como alternativas eficazes para reduzir a colonização bacteriana na cavidade oral. Apesar de algumas divergências nos resultados microbiológicos, esses estudos demonstram benefícios clínicos importantes, como a diminuição do ressecamento labial e da redução do fluxo salivar, fatores que contribuem para o conforto e segurança do paciente. Dessa forma, observa-se uma tendência crescente na literatura em associar práticas de higiene oral baseadas em evidências a melhores desfechos clínicos e à redução de infecções nosocomiais.
Os achados também evidenciam que a percepção e o conhecimento dos profissionais de enfermagem influenciam diretamente a qualidade do cuidado prestado. A falta de padronização e de treinamentos específicos resulta em práticas inconsistentes, que podem comprometer a prevenção de infecções e o bem-estar do paciente crítico. Nesse contexto, reforça-se a importância de programas educativos permanentes e de atualização dos protocolos assistenciais, conforme também sugerem estudos de revisão contemporâneos que associam a educação continuada à melhoria da adesão às boas práticas e à redução de eventos adversos em UTI [3,4].
Como limitações deste estudo, destaca-se o número restrito de artigos incluídos, o que pode ter limitado a amplitude da análise, além da escassez de pesquisas nacionais recentes abordando a temática com abordagem padronizada. Contudo, a presente revisão contribui de forma significativa para a reflexão sobre a prática da higienização oral em pacientes críticos, ressaltando sua relevância na prevenção de complicações e na promoção da segurança do paciente. Diante disso, recomenda-se a implementação de protocolos institucionais baseados em evidências e a capacitação contínua das equipes de enfermagem como estratégias essenciais para aprimorar a qualidade da assistência prestada nas UTIs.
A revisão integrativa evidenciou que a higienização oral em pacientes críticos internados em UTIs ainda é uma prática realizada de forma insuficiente e pouco padronizada, apesar de seu reconhecido impacto na prevenção de infecções, especialmente da PAVM. Observou-se que, embora os profissionais de enfermagem compreendam a importância do cuidado, a execução ocorre com frequência inadequada e, muitas vezes, sem o embasamento técnico necessário para garantir sua efetividade. Além disso, a utilização de diferentes soluções antissépticas, como o digluconato de clorexidina e o extrato etanólico de própolis, mostrou-se útil na redução da colonização bacteriana e na manutenção da saúde bucal, embora ainda haja necessidade de mais estudos que comprovem seus benefícios microbiológicos e clínicos de forma consistente.
Diante desses achados, torna-se evidente a necessidade de maior investimento em educação permanente e na implementação de protocolos institucionais que orientem a prática da higienização oral em pacientes críticos. A capacitação da equipe de enfermagem, associada à padronização de técnicas e insumos adequados, pode contribuir significativamente para a melhoria da qualidade assistencial e para a redução das infecções hospitalares. Assim, este estudo reforça que a higiene oral deve ser compreendida não apenas como um cuidado básico, mas como uma intervenção preventiva essencial dentro do contexto das UTIs, capaz de promover segurança, conforto e recuperação mais eficaz aos pacientes internados.
Conflitos de interesse
Os autores declaram não haver conflitos de interesse de qualquer natureza.
Fontes de financiamento
Não houve financiamento.
Contribuição dos autores
Concepção e desenho da pesquisa: Morais TV; Obtenção de dados: Buffon HJS, Santos MR; Análise e interpretação dos dados: Friedrich PC; Redação do manuscrito: Andrade AU; Revisão crítica do manuscrito quanto ao conteúdo intelectual importante: Morais TV, Andrade AU.
Referências
1. São Paulo (Estado). Secretaria de Estado da Saúde. A evolução das escovas de dente: do graveto ao wi-fi. São Paulo: SESC; 2020. Disponível em: https://portal.sescsp.org.br/online/artigo/compartilhar/14007_A+EVOLUCAO+DAS+ESCOVAS+DE+DENTE+DO+GRAVETO+AO+WIFI. Acesso em: 19 nov. 2025.
2. Orlandini GM, Lazzari CM. Conhecimento da equipe de enfermagem sobre higiene oral em pacientes criticamente enfermos [Nursing staff’s knowledge about oral care in critically ill patients]. Rev Gaucha Enferm. 2012 Sep;33(3):34-41. Portuguese. doi: 10.1590/s1983-14472012000300005. PMID: 23405806.
3. Makabe ML, Santos OS, Pires MFC. Higienização bucal em pacientes de Unidade de Terapia Intensiva (UTI) como fator de redução de focos de infecção secundária de um Hospital Público na cidade de SP, Brasil. Secretaria do Estado da Saúde: São Paulo, Brasil. BEPA 2019;16(187):1-15
4. Carvalho RCL, Nascimento Filho R, Braga RN, Silva GC, Marques DMC, Carvalho TQ. A atuação do cirurgião-dentista no cuidado de pacientes em unidade de terapia intensiva durante a pandemia da Covid-19: o papel do dentista no cuidado de pacientes em UTI durante a pandemia de Covid-19. Rev Bras Saúde. 2021;2:9473–87. doi:10.34119/bjhrv4n2-441.
5. Reis HMF, Avezum G, Medeiros ACAB, Araújo MN, Cantoni VCS. Avaliação da percepção da equipe de enfermagem sobre a prática de higienização oral em unidade de terapia. Rev Multi Saúde. 2023;4(2):e3864.
6. Nogueira JWS, Jesus CAC. Higiene bucal no paciente internado em unidade de terapia intensiva: revisão integrativa. Rev Eletr Enferm. 2017;19:46.
7. Santos PS, Mello WR, Wakim RC, Paschoal MÂ. Use of oral rinse with enzymatic system in patients totally dependent in the intensive care unit. Rev Bras Ter Intensiva. 2008 Jun;20(2):154-9. English, Portuguese. PMID: 25307003.