ARTIGO ORIGINAL
Saberes e práticas dos profissionais da atenção primária à saúde sobre a política nacional de práticas integrativas e complementares
João Paulo Assunção Borges1, Hugo Ribeiro Zanetti2, João Carlos Garcia da Silva2, Leandra Messias Correia2
1Universidade Federal de Mato Grosso do Sul (UFMS), Pioneiros, MS, Brasil
2IMEPAC Centro Universitário, Araguari, MG, Brasil
Recebido em: 18 de Setembro de 2025; Aceito em: 25 de Setembro de 2025.
Correspondência: João Paulo Assunção Borges, enf_joaopaulo@yahoo.com.br
Borges JPA, Zanetti HR, Silva JCG, Correia LM. Saberes e práticas dos profissionais da atenção primária à saúde sobre a política nacional de práticas integrativas e complementares. Enferm Bras. 2025;24(5):2770-2783. doi:10.62827/eb.v24i5.4092
Introdução: A Política Nacional de Práticas Integrativas e Complementares do Sistema Único de Saúde como estratégia para garantir a integralidade na atenção à saúde. Na Atenção Primária, as Práticas Integrativas e Complementares em Saúde (PICS) têm importante inserção, mas ainda requer ampliação da oferta de ações e maior conhecimento por parte dos profissionais de saúde que atuam na rede. Objetivo: Identificou-se e descreveu-se o conhecimento e a percepção dos profissionais da saúde acerca das PICS. Métodos: Pesquisa de campo, transversal, exploratória, realizada por meio de entrevistas para a coleta de dados, configurando um estudo quantitativo. As entrevistas foram conduzidas por meio de um questionário semiestruturado, disponibilizado por meio eletrônico ou físico, contendo perguntas relacionadas ao perfil sociodemográfico e profissional dos participantes, assim como relacionadas ao conhecimento e utilização das PICS na prática. O estudo foi realizado nas unidades de saúde da Atenção Primária do interior de Minas Gerais, com 76 profissionais da saúde que compõem as equipes da APS. Resultados: A maioria dos profissionais afirma ter conhecimento sobre as PICS (n=59) porém possuem pouco experiência básica ou insuficiente sobre o assunto. Dentre as práticas vivenciadas pelos entrevistados, destaca-se a medicina tradicional chinesa/ acupuntura (n=25), fitoterapia (n=24) homeopatia (n=19) e aromaterapia (n=19). Conclusão: Pode-se destacar que parte dos profissionais da saúde refere conhecer e utilizar as PIC em suas práticas na APS. Porém, ainda é considerável a proporção de profissionais que relatam conhecimento insuficiente sobre as terapias complementares, o que limita a sua utilização na prática profissional.
Palavras-chave: Conhecimento; Profissionais de Saúde; Práticas Integrativas e Complementares.
Knowledge and practices of primary health care professionals on the national policy of integrative and complementary practices
Introduction: The National Policy on Integrative and Complementary Practices of the Unified Health System is a strategy to ensure comprehensive health care. Integrative and Complementary Health Practices play an important role in primary care, but they still require expanded provision and greater knowledge among healthcare professionals working within the network. Objective: Identified and described the healthcare professionals’ knowledge and perceptions of Complementary Therapies. Methods: This cross-sectional, exploratory field study was conducted through interviews for data collection, configuring a quantitative study. The interviews were conducted using a semi-structured questionnaire, made available electronically or in hard copy, containing questions related to the sociodemographic and professional profile of the participants, as well as their knowledge and use of Complementary Therapies in practice. The study was conducted in Primary Care units in the interior of Minas Gerais, with 76 health professionals who make up the PHC teams. Results: Most professionals reported having knowledge of PICs (n=59) but had little or insufficient basic experience on the subject. Among the practices experienced by the interviewees, traditional Chinese medicine/acupuncture (n=25), herbal medicine (n=24), homeopathy (n=19), and aromatherapy (n=19) stand out. Conclusion: It is noteworthy that some health professionals report knowing and using Complementary Therapies in their Primary Care practices. However, the proportion of professionals who report insufficient knowledge about complementary therapies is still considerable, which limits their use in professional practice.
Keywords: Knowledge; Health Personnel; Complementary Therapies.
Conocimientos y prácticas de los profesionales de atención primaria de salud sobre la política nacional de prácticas integrativas y complementarias
Introducción: La Política Nacional de Prácticas Integrativas y Complementarias del Sistema Único de Salud es una estrategia para garantizar la atención integral de la salud. Las Prácticas Integrativas y Complementarias (PICS) desempeñan un papel importante en la atención primaria, pero aún requieren una mayor cobertura y un mayor conocimiento entre los profesionales de la salud que trabajan en la red. Objetivo: Se identificaron y describieron lo conocimiento y las percepciones los profesionales de la salud sobre las PICS. Métodos: Estudio de campo exploratorio, transversal, realizado mediante entrevistas para la recolección de datos, configurando un estudio cuantitativo. Las entrevistas se realizaron mediante un cuestionario semiestructurado, disponible en formato electrónico o impreso, que contenía preguntas relacionadas con el perfil sociodemográfico y profesional de los participantes, así como su conocimiento y uso de las PIC en la práctica. El estudio se realizó en unidades de Atención Primaria del interior de Minas Gerais, con 76 profesionales de la salud que integran los equipos de APS. Resultados: La mayoría de los profesionales reportó tener conocimiento de las PIC (n=59), pero tenía poca o insuficiente experiencia básica sobre el tema. Entre las prácticas experimentadas por los entrevistados, se destacan la medicina tradicional china/acupuntura (n=25), la fitoterapia (n=24), la homeopatía (n=19) y la aromaterapia (n=19). Conclusión: Cabe destacar que algunos profesionales de la salud reportan conocer y utilizar las PIC en sus prácticas de APS. Sin embargo, la proporción de profesionales que refieren tener conocimientos insuficientes sobre las terapias complementarias todavía es considerable, lo que limita su utilización en la práctica profesional.
Palabras-clave: Conocimiento; Personal de Salud; Prácticas Integradoras y Complementarias.
O Ministério da Saúde apresenta a Política Nacional de Práticas Integrativas e Complementares (PNPIC) no Sistema Único de Saúde (SUS), para cumprimento de suas atribuições de coordenação e para estabelecimento das políticas para a garantia da integralidade na atenção à saúde. Essa política irá atender as necessidades de se conhecer, apoiar, incorporar e executar experiências que já vêm sendo desenvolvidas na rede pública em outros municípios e em até outros estados [1,2].
No Brasil, desde 2006, tem-se buscado incorporar na Atenção Primária à Saúde (APS) algumas práticas como: plantas medicinais como a fitoterapia e homeopatia; a medicina tradicional chinesa através da acupuntura, medicina antroposófica e termalismo-crenoterapia. Essas práticas buscam estimular os mecanismos naturais de prevenção de agravos e promoção da saúde por meio de tecnologias eficazes e seguras [3,4].
O Ministério da Saúde afirma que os marcos teóricos para a construção da PNPIC no SUS são vários, mas destacam-se o documento da Organização Mundial da Saúde (OMS), publicado em 2002 com o título Traditional Medicine Strategy 2002-2005 [1]. A PNPIC foi aprovada no SUS, através da portaria n° 971, de 03 de maio de 2006. A PNPIC foi criada primeiramente ofertando: Acupuntura, Homeopatia, Plantas Medicinais e Fitoterápicas no âmbito do SUS. Mas, após isso, em 2017, segundo a Portaria N° 849 de 27 de março, foram ofertadas mais 14 PICS. Com isso, as 12 novas práticas aprovadas em 2018, totalizou 29 PICS disponibilizadas para a população [2,3].
As PICS trazem segurança, eficácia e qualidade na perspectiva da integralidade da atenção à saúde. Dessa forma, consistem em um conjunto de práticas terapêuticas que atendem o indivíduo na sua integralidade, unificando o corpo físico, a mente e o espírito, buscando promover saúde utilizando-se dos meios naturais de tratamento [5].
Diante da relevância das PICS no contexto do SUS e dos benefícios comprovados do seu emprego frente à saúde integral do indivíduo, é evidente a importância de estudar fatores relacionados à implementação das PICS na prática profissional. Identificar e analisar o nível de conhecimento dos profissionais de saúde que atuam na APS, considerada a primeira forma de acesso do usuário à rede de ações e serviços de saúde, pode favorecer a adoção e conscientização acerca das PIC no âmbito dos serviços de saúde da APS.
A realização deste estudo pretende também despertar entre profissionais de saúde a população o interesse em conhecer essas práticas e estimular seu emprego, pois, acredita-se que a PNPIC ainda não esteja firmada nos serviços de saúde do município, em parte devido ao desconhecimento e a outros fatores que possam estar relacionados. O conhecimento acerca dessas práticas e sua inserção na comunidade ainda são limitados.
Acredita-se que os profissionais de saúde não estão familiarizados com este tema, pelo fato de algumas práticas serem consideradas recentes. Acredita-se que o nível de conhecimento seja reduzido, tanto para a população quanto para os profissionais de saúde. Neste estudo, identificou-se e descreveu-se o conhecimento dos profissionais da APS acerca da PNPIC, bem como quais são as práticas implantadas na rede.
Trata-se de uma pesquisa de campo, transversal, exploratória, realizada por meio de entrevistas para a coleta de dados, configurando um estudo com abordagem quantitativa. As entrevistas foram conduzidas por meio de um questionário semiestruturado, disponibilizado por meio eletrônico ou físico, contendo perguntas relacionadas ao perfil sociodemográfico e profissional dos participantes, assim como relacionadas ao conhecimento e emprego das PICS na prática. Realizado também uma vasta revisão narrativa da literatura, para construir o arcabouço teórico do estudo e facilitar a discussão com a literatura disponível sobre o tema.
O estudo foi realizado entre os meses de junho e julho nas unidades de saúde da APS do município de Araguari (MG), com os diversos profissionais de saúde que compõem as equipes, dentre eles enfermeiros, técnicos em enfermagem, médicos, agentes comunitários de saúde, entre outros.
Foram incluídos neste estudo os profissionais de saúde que trabalham em UBS e UBSF no município de Araguari- MG, que estão em pleno exercício de suas funções. Foram excluídos deste estudo os profissionais em períodos de férias ou afastamento por motivos de saúde. O participante poderá deixar de participar da pesquisa em qualquer momento a partir do aceite, sem quaisquer prejuízos ou sanções, sendo esta decisão de sua livre escolha e manifestação.
Os profissionais selecionados para a entrevista foram aqueles que trabalham em Unidades Básicas de Saúde (UBS) e Unidades Básicas de Saúde da Família (UBSF), dentre eles enfermeiros, técnicos em enfermagem, médicos, agentes comunitários de saúde, e demais membros da equipe multiprofissional. Os participantes foram recrutados pelos pesquisadores no local de trabalho. Nesta ocasião, foram apresentados os objetivos da pesquisa e obtido o consentimento em participar do estudo. Sendo apresentado o Termo de Consentimento Livre e Esclarecido (TCLE). Após autorização, foi aplicado o questionário de forma presencial com o profissional de saúde, no seu horário e local de trabalho, no momento do aceite ou em outro momento, após agendamento de acordo com a disponibilidade do profissional. A entrevista aconteceu em local reservado, escolhido pelo participante e disponibilizado nas próprias dependências da unidade. Este estudo foi aprovado pelo Comitê de Ética em Pesquisa com Seres Humanos, sob parecer consubstanciado número 6.073.191.
Após a coleta os dados foram registrados no software Excel (versão 2013 para Windows). Os resultados foram apresentados de forma descritiva, organizados em tabelas, expressos em quantidade (n) e porcentagem (%).
A tabela 1 demonstra os resultados obtidos a partir da aplicação do questionário. A amostra do estudo foi composta por 76 voluntários sendo composto por 4 médicos, 12 enfermeiros, 13 técnicos de enfermagem, 32 agentes de saúde, 1 farmacêutico, 2 recepcionistas e 12 auxiliares bucais e/ou serviços gerais. Os indivíduos eram predominantemente do sexo feminino (n=71); na faixa etária entre 46 e 65 anos (n=28) com ensino superior completo (n=20). 76----100
Tabela 1 – Caracterização dos profissionais da APS do município, Araguari, Minas Gerais, Brasil, 2025
|
Características |
n (%) |
|
Sexo |
|
|
Feminino |
71(93,4) |
|
Masculino |
5(6,6) |
|
Faixa Etária |
n (%) |
|
18 a 25 |
07(9,2) |
|
26 a 35 |
15 (19,7) |
|
36 a 45 |
25(32,8) |
|
46 a 65 |
28(36,8) |
|
Acima de 65 |
01(1,5) |
|
Escolaridade |
n (%) |
|
Ensino Médio Completo |
31(40,7) |
|
Ensino Superior Incompleto |
08(10,5) |
|
Ensino Superior Completo |
20(26,3) |
|
Pós-Graduado |
17(22,5) |
|
Profissão |
n (%) |
|
Médico |
04(5,2) |
|
Enfermeiro |
12(15,7) |
|
Técnico de Enfermagem |
13(17,1) |
|
Agente de Saúde |
32(42,1) |
|
Farmacêutico |
01(1,6) |
|
Recepcionista |
02(2,6) |
|
Outros |
12(15,7) |
Fonte: dados da pesquisa, 2025
Em relação às respostas do questionário, todos dos médicos afirmam ter muito pouco conhecimento sobre as práticas integrativas e complementares (n=4), Três deles afirmam não ter experiencia com as PICS. Dentre as práticas vivenciadas pelos médicos entrevistados, destaca-se a aromaterapia (n=01), porém, foi observado que as outras PICS não foram assinaladas no questionário pelos entrevistados.
Os enfermeiros afirmam ter conhecimento parcial sobre as práticas integrativas e complementares (n=07) porém possuem pouco experiência, ou consideram a experiência básica ou insuficiente sobre o assunto. Dentre as práticas vivenciadas pelos enfermeiros entrevistados, destaca-se a medicina tradicional chinesa/ acupuntura (n=06), fitoterapia (n=06) homeopatia (n=04) e aromaterapia (n=04).
A maioria dos técnicos em enfermagem afirmam ter conhecimento parcial sobre as práticas integrativas e complementares (n=07), porém possuem pouca experiência sendo considerada, básica ou insuficiente sobre o assunto. Dentre as práticas vivenciadas pelos entrevistados, destaca-se a imposição de mãos (n=05) e aromaterapia (n=03).
Dentre os Agentes comunitários de Saúde a maioria afirma ter conhecimento parcial sobre as práticas integrativas e complementares (n=16), porém possuem pouca experiência sendo considerada, básica ou insuficiente sobre o assunto. Dentre as práticas vivenciadas pelos ACS entrevistados, destaca-se a medicina tradicional chinesa / acupuntura (n=13), fitoterapia (n=11) e aromaterapia (n=09).
O farmacêutico entrevistado (a) afirma ter pouco conhecimento sobre as práticas integrativas e complementares (n=01) e considera sua experiência básica ou insuficiente sobre o assunto. Dentre as práticas vivenciadas pelo (a) entrevistado (a), destaca-se a homeopatia (n=01), o entrevistado (a) afirma acreditar que as PICS podem ajudar em uma terapia além da farmacoterapia, e ressalta que na unidade onde trabalha não há oferta de nenhuma prática integrativa complementar.
As recepcionistas entrevistadas afirmam ter pouco conhecimento sobre as práticas integrativas e complementares ou não terem conhecimento sobre as PICS (n=02) e relatam nunca terem tido experiencia no uso de práticas integrativas e complementares. Os recepcionistas entrevistados afirmam acreditar que as PICS podem ajudar em uma terapia além da farmacoterapia, e ressaltam que na unidade onde trabalha não há oferta de nenhuma prática integrativa complementar.
Em relação às respostas do questionário dos outros entrevistados como Auxiliares de Saúde Bucal, Dentista e Auxiliares de Serviços Gerais, a maioria afirma ter conhecimento sobre as práticas integrativas e complementares (n=12) porém possuem pouca experiência, sendo considerada básica ou insuficiente sobre o assunto. Dentre as práticas vivenciadas pelos entrevistados, destaca-se a meditação (n=06) e fitoterapia (n=05). Além disso, foi observado que as PICS Apiterapia, Bioenergética e Geoterapia, não foram assinaladas pelos Auxiliares de Saúde Bucal e Auxiliares de Serviços Gerais entrevistados. Todos entrevistados afirmam acreditar que as PICS podem ajudar em uma terapia além da farmacoterapia.
Tabela 2 – Conhecimento dos profissionais da APS sobre as PICS, Araguari, Minas Gerais, Brasil, 2025
|
Médicos |
Enfermeiros |
Técnico de enfermagem |
Agente de saúde |
Farmacêutico |
Recepcionista |
Outros |
|
|
Já ouviu falar em práticas integrativas e complementares? |
|||||||
|
Não, não tem conhecimento sobre o assunto |
00 |
01 |
01 |
02 |
00 |
01 |
00 |
|
Sim, mas muito pouco |
04 |
06 |
10 |
26 |
01 |
01 |
11 |
|
Sim, sei do que se trata e tenho bastante conhecimento |
00 |
05 |
02 |
04 |
00 |
00 |
01 |
|
Você conhece as práticas integrativas e complementares? |
|||||||
|
Sim, totalmente |
01 |
02 |
01 |
01 |
00 |
00 |
00 |
|
Sim, parcialmente |
02 |
07 |
07 |
16 |
00 |
00 |
05 |
|
Sim, mas muito pouco |
01 |
01 |
03 |
12 |
00 |
00 |
05 |
|
Não conheço |
00 |
02 |
02 |
03 |
00 |
02 |
02 |
|
Se sim, na pergunta anterior, você já teve alguma experiência no uso de práticas integrativas e complementares? |
|||||||
|
Sim, minha experiência é expressiva |
01 |
01 |
01 |
04 |
00 |
00 |
01 |
|
Sim, minha experiência é moderada |
00 |
04 |
03 |
04 |
00 |
00 |
00 |
|
Sim, minha experiência é básica ou insuficiente |
00 |
05 |
05 |
10 |
01 |
00 |
08 |
|
Não |
03 |
02 |
04 |
14 |
00 |
02 |
03 |
|
Entre as Prática Entre as práticas integrativas complementares, qual que já teve contato ou experiência na aplicação? |
|||||||
|
Não tive contato ou experiência |
03 |
02 |
05 |
09 |
00 |
02 |
03 |
|
Aromaterapia |
01 |
04 |
03 |
09 |
00 |
00 |
02 |
|
Apiterapia |
00 |
00 |
00 |
00 |
00 |
00 |
00 |
|
Artererapia |
00 |
02 |
00 |
08 |
00 |
00 |
01 |
|
Ayurveda |
00 |
02 |
01 |
01 |
00 |
00 |
00 |
|
Biodança |
00 |
00 |
02 |
01 |
00 |
00 |
00 |
|
Bioenergética |
00 |
00 |
00 |
00 |
00 |
00 |
00 |
|
Constelação Familiar |
00 |
00 |
02 |
01 |
00 |
00 |
01 |
|
Cromoterapia |
00 |
00 |
02 |
03 |
00 |
00 |
00 |
|
Dança Circular |
00 |
01 |
01 |
02 |
00 |
00 |
02 |
|
Geoterapia |
00 |
00 |
00 |
00 |
00 |
00 |
00 |
|
Hipnoterapia |
00 |
00 |
02 |
00 |
00 |
00 |
00 |
|
Homeopatia |
01 |
04 |
03 |
07 |
01 |
00 |
03 |
|
Imposição de Mãos |
01 |
03 |
05 |
01 |
00 |
00 |
01 |
|
Medicina Antroposófica / Antroposofia |
00 |
01 |
01 |
00 |
00 |
00 |
00 |
|
Med. Tradicional Chinesa – Acupuntura |
01 |
06 |
05 |
13 |
00 |
00 |
01 |
|
Meditação |
01 |
02 |
02 |
06 |
00 |
00 |
06 |
|
Musicoterapia |
00 |
02 |
02 |
02 |
00 |
00 |
02 |
|
Naturopatia |
00 |
00 |
00 |
01 |
00 |
00 |
00 |
|
Osteopatia |
00 |
00 |
01 |
00 |
00 |
00 |
00 |
|
Ozonioterapia |
00 |
03 |
01 |
02 |
00 |
00 |
00 |
|
Plantas Medicinais – Fitoterapia |
00 |
06 |
03 |
11 |
00 |
00 |
05 |
|
Quiropraxia |
00 |
02 |
00 |
02 |
00 |
00 |
01 |
|
Reflexoterapia |
00 |
00 |
01 |
02 |
00 |
00 |
00 |
|
Reiki |
01 |
03 |
03 |
07 |
00 |
00 |
01 |
|
Shantala |
00 |
01 |
01 |
00 |
00 |
00 |
00 |
|
Terapia Comunitária Integrativa |
00 |
00 |
01 |
05 |
00 |
00 |
00 |
|
Terapia de Florais |
00 |
03 |
02 |
07 |
00 |
00 |
02 |
|
Termalismo Social / Crenoterapia |
00 |
00 |
00 |
01 |
00 |
00 |
00 |
|
Yoga |
01 |
01 |
03 |
05 |
00 |
00 |
02 |
|
No local onde você trabalha existe oferta de alguma prática integrativa complementar? |
|||||||
|
Não |
01 |
10 |
10 |
21 |
01 |
02 |
10 |
|
Sim, de apenas 1 práticas integrativas e complementares |
01 |
01 |
00 |
02 |
00 |
00 |
01 |
|
Sim, entre 2 e 3 práticas integrativas e complementares |
02 |
01 |
03 |
09 |
00 |
00 |
01 |
|
Sim, entre 4 e 5 práticas integrativas e complementares |
00 |
00 |
00 |
00 |
00 |
00 |
00 |
|
Sim, acima de 6 práticas integrativas e complementares |
00 |
00 |
00 |
00 |
00 |
00 |
00 |
|
Você acredita que as PICS podem ajudar em uma terapia além da farmacoterapia? |
|||||||
|
Sim |
04 |
12 |
13 |
31 |
01 |
02 |
12 |
|
Não |
00 |
00 |
00 |
1 |
00 |
00 |
00 |
Fonte: dados da pesquisa, 2025
Os resultados apontaram que metade dos profissionais referem ter muito pouco conhecimento sobre o assunto e o restante referiu apresentar conhecimento satisfatório sobre as PICS. As práticas mais conhecidas e relatadas quanta à utilização foram a fitoterapia e acupuntura, seguidas pela aromaterapia e homeopatia.
Os resultados do presente estudo corroboram com outros encontrados na literatura e que evidenciaram que a acupuntura, fitoterapia, aromaterapia e homeopatia são as PICS mais conhecidas entre os profissionais da saúde [6]. As PICS estão cada vez mais adentrando na rede de atenção à saúde em diferentes territórios e contextos. Sua adesão pode ser vista como um novo meio de praticar saúde, incorporando grandes recursos tecnológicos a fim de buscar soluções para os usuários, além da terapêutica farmacológica convencional [7,8].
As práticas citadas no estudo fazem parte da PNPIC, instituída pela portaria nº 971/GM/ MS, de 3 de maio de 2006, publicada no diário oficial da união nº 84, de 4 de maio de 2006. Por esse motivo o Ministério da Saúde (MS), por meio da Portaria nº 971/2006, publicou a Política Nacional de Práticas Integrativas e complementares (PNPIC) no Sistema Único de Saúde (SUS) para garantir a integralidade nos serviços e, a partir daí, algumas práticas foram legitimadas no SUS [1,2,3].
Os participantes desta pesquisa foram questionados sobre os desafios para implementação dessas práticas e como resposta foi obtido que existe uma falta de profissionais capacitados, falta de estrutura e materiais, investimento e apoio e uma maior divulgação dos benefícios que as práticas podem trazer além de um tratamento medicamentoso [8,9]. Em relação aos conhecimentos dos usuários verifica-se que a população utiliza essas práticas sem acompanhamento adequado por profissionais qualificados, seguindo estratégias de terceiros [10]. Também foram verificadas a baixa oferta desses serviços na APS, a falta de interesse dos profissionais e falta de ações de educação permanente e atualização sobre a temática.
Em uma pesquisa com 177 médicos e enfermeiros da estratégia saúde da família sobre as PICS na cidade de Florianópolis evidenciou que 88,7% desconhecem as PICS. Por outro lado, 81,4% desses profissionais demonstram que prezam pela adesão dessas atividades na atenção primária e 59,9% expressam um grande interesse sobre maiores orientações e capacitações sobre o assunto [9,11].
Durante a formação profissional em cursos de graduação na área da saúde, a maioria não proporciona conhecimentos sobre as PICS, principalmente no curso de medicina, em que deveria ser abordadas PICS [10,11]. Estudos apontam que existem entraves para inserção e expansão da PNPIC no Brasil e são escassas as instituições que visam formar profissionais que tenham uma visão para além das práticas tradicionais [10,12,13].
Enquanto limitações desta pesquisa, destaca-se seu recorte transversal, tratando-se de uma realidade local em um período limitado. As questões abordadas neste estudo podem ser efetuadas com profissionais da APS em outros municípios para ampliar ainda mais a compreensão do tema. Dentre as contribuições, estudos como este são valiosos, pois possibilitam uma visão panorâmica do cenário das PICS no contexto da APS, podendo contribuir para a compreensão de como essas práticas podem ser efetivamente integradas na APS, ampliando o acesso dos usuários às práticas alternativas.
Este estudo analisou o conhecimento e as percepções dos profissionais da APS, destacando-se que parte destes refere conhecer e utilizar as PICS no seu cotidiano. Porém, ainda é considerável a proporção de profissionais que relatam conhecimento insuficiente sobre as terapias complementares, o que limita a sua utilização na prática profissional.
Haja vista que a APS tem como eixo norteador a integralidade do cuidado, a não utilização das PICS na APS do município ou uso incipiente, torna frágil a assistência integral à saúde da população atendida pela rede de saúde. Faz-se necessário investir na educação permanente em saúde dos profissionais da APS, bem como difundir e fomentar a oferta das PICS para os usuários dos serviços de saúde da APS.
A maioria dos profissionais acreditam que as PICS tragam grandes benefícios para os usuários das APS e até para eles mesmos. Contudo, sentem-se pouco capacitados para trabalharem com essas práticas devido à falta de recursos e formação profissional voltada para as PICS. Percebe-se a necessidade de inserir disciplinas e conteúdos durante os cursos de graduação para promover uma formação mais abrangente, aproximando os profissionais de saúde da PNPIC. Com isso, pode-se estimular maior interesse dos acadêmicos e, por conseguinte, maior adesão e implantação dessas práticas na rotina assistencial.
Pode-se afirmar que as PICS têm grandes possibilidades de inserção nos serviços da APS, configurando uma estratégia de cuidado integral e humanizado para os usuários. Além disso, podem proporcionar que os usuários tornem-se mais ativos no processo de cuidado à saúde, valorizando sua singularidade e sua subjetividade.
Conflitos de Interesse
Os autores declaram não haver conflito de interesse.
Financiamento
Financiamento próprio.
Contribuição dos autores
Concepção e desenho da pesquisa: Borges JPA, Zanetti HR, Silva JCG, Correia LM; Obtenção de dados: Borges JPA, Zanetti HR, Silva JCG, Correia LM; Análise e interpretação de dados: Borges JPA, Zanetti HR, Silva JCG, Correia LM; Redação do manuscrito: Borges JPA, Zanetti HR, Silva JCG, Correia LM; Revisão do manuscrito quanto ao conteúdo intelectual importante: Borges JPA, Zanetti HR, Silva JCG, Correia LM.
Referências
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