Enferm Bras. 2024;23(2):1543-1545
doi:10.62827/eb.v23i2.4011

EDITORIAL

O SUS – Sistema Único de Saúde - é tudo que o povo do interior do Amazonas (e do Brasil) tem em termos de saúde

Hércules Lázaro Morais Campos1, Rebeca Folhadela1, Cristiane Costa Reis da Silva3, Eurides Souza de Lima4

1Universidade Federal do Amazonas (UFAM), Manaus, AM, Brasil, Fisioterapeuta, Epidemiologista, Sanitarista, Professor e Pesquisador

2Universidade Paulista, Manaus, AM, Brasil, Enfermeira Especialista em Gerontologia e Cuidado ao Idoso e Professora

3Universidade Federal do Amazonas (UFAM), Manaus, AM, Brasil, Enfermeira, Estomaterapeuta e Professora

4Enfermeira, Mestre em Enfermagem (UEPA/UFAM), Especialista em Saúde Pública com ênfase na Saúde da Família e Especialista em Saúde do Idoso/Gerontologia e Professora

Como citar

Campos HLM, Folhadela R, Silva CCR, Lima ES. O SUS – Sistema Único de Saúde – é tudo que o povo do interior do Amazonas (e do Brasil) tem em termos de saúde. Enferm Bras. 2024;23(2):1543-1545. doi:10.62827/eb.v23i2.4011

Que o sistema é essencial na vida de todo povo brasileiro (e até de estrangeiros) isso é inquestionável! É um dos maiores e mais eficientes sistemas públicos de saúde do mundo e é eficaz, sim. Há necessidade de melhorias? Lógico. Tudo precisa de aperfeiçoamento, mas o desconhecimento e o preconceito geram críticas improdutivas e reducionistas.

Você já parou para pensar que existem pessoas que só têm o SUS? Que sem esse sistema de saúde público, elas não existiriam? Por mais críticas que você tenha ao SUS (muitas delas por desconhecimento e uso incorreto do sistema), ele é essencial na vida de muitas pessoas que vivem, principalmente, em áreas remotas, ribeirinhas e rurais.

No interior do Amazonas, em boa parte de todas as cidades, não há serviços de média e alta complexidade em saúde; não existe, muitas vezes, o básico e faltam profissionais, como dentistas, sanitaristas, médicos (de quase todas as especialidades), nutricionistas, fisioterapeutas, psicólogos e vários outros que poderiam deixar essa lista infinita. Assim, é nas mãos do lindo povo da Enfermagem, inserido na Atenção Primária à Saúde, que tudo acontece!

O SUS se dá pela ação e pelo trabalho da Enfermagem (desvalorizada e mal remunerada, vergonhosamente, pouco reconhecida no Brasil). Ela é a essência da saúde no país. Digo sempre isso por aí! Sem enfermagem, não existiria SUS, assistência em saúde, sejamos bem sinceros.

Os enfermeiros desempenham um papel crucial na oferta de serviços básicos de saúde, realizando desde o acolhimento e triagem até cuidados, como administração de medicamentos, curativos e monitoramento de sinais vitais. Eles também lideram iniciativas de imunização, organizando campanhas para prevenir doenças endêmicas e sazonais na região Amazônica. Além disso, proporcionam assistência abrangente na saúde da mulher, desde o pré-natal até o pós-parto. Na saúde infantil, realizam consultas de puericultura e o monitoramento do crescimento e do desenvolvimento das crianças. Para os idosos, oferecem cuidados multidimensionais, mas principalmente, cuidados que previnem quedas, além do manejo de doenças crônicas, melhorando, dessa forma, significativamente sua qualidade de vida. Além dos cuidados essenciais, os enfermeiros também desempenham um papel crucial na educação em saúde, capacitando comunidades locais, inclusive, as mais remotas como as ribeirinhas, sobre práticas preventivas, alimentação saudável e hábitos de vida saudáveis. Apesar dos desafios logísticos impostos pela vasta extensão territorial e pela geografia complexa do Amazonas, os enfermeiros superam essas barreiras para realização de visitas domiciliares, garantindo atenção contínua e personalizada a pacientes com dificuldades de locomoção. A assistência, durante as visitas, humaniza e fortalece os laços comunitários, reforçando a confiança no sistema de saúde.

Graças aos enfermeiros e enfermeiras, as barreiras de acesso ao interior do Amazonas são superadas, a qualidade de vida da população é melhorada e a esperança é mantida viva em cada gesto de cuidado ofertado.

Há situações muito específicas de saúde da população indígena; da saúde dos idosos, dos ribeirinhos que são feitos, especificamente, pelos enfermeiros.

Repito sempre: há um povo que vive para um rio, em função de um rio, por causa de um rio e acrescento mais, para o SUS, pelo SUS e pelo necessário trabalho de enfermeiros e enfermeiras.

Aprendamos a valorizar nossos colegas tão essenciais à saúde e ao SUS!

Um viva ao SUS e muitos vivas aos colegas da Enfermagem!

The SUS – Sistema Único de Saúde (Unified Health System) – is the sole healthcare provision for the inhabitants of Amazonas’ interior (and Brazil)

Hércules Lázaro Morais Campos1, Rebeca Folhadela1, Cristiane Costa Reis da Silva3, Eurides Souza de Lima4

1Federal University of Amazonas (UFAM), Manaus, AM, Brazil, Physiotherapist, Professor, Epidemiologist, Public Health Specialist, and Researcher

2Paulista University, Manaus, AM, Brazil, Nurse Specialist in Gerontology and Elderly Care and Professor

3Federal University of Amazonas (UFAM), Manaus, AM, Brazil, Nurse, Wound Care Specialist (Estomaterapeuta), and Professor

4Nurse, Master in Nursing (UEPA/UFAM), Manaus, AM, Brazil, Specialist in Public Health with emphasis on Family Health and Specialist in Elderly Health/Gerontology, and Professor

The indispensability of this system to the lives of all Brazilians (and even foreigners) is beyond dispute! It ranks among the world’s largest and most efficient public health systems, and it is indeed effective. Are improvements necessary? Undoubtedly. Everything requires refinement, but ignorance and prejudice fuel unproductive and reductive criticism.

Have you ever considered that there are individuals whose only recourse is the SUS? That without this public health system, they might not survive? Regardless of the criticisms leveled against the SUS (many stemming from ignorance and improper use of the system), it remains vital to the lives of countless individuals, especially those residing in remote, riverside, and rural areas.

In much of the interior of Amazonas, cities lack medium and high complexity health services; often, even basic services and professionals such as dentists, public health specialists, doctors (across almost all specialties), nutritionists, physiotherapists, psychologists, and many others are missing. Consequently, the wonderful Nursing staff, integrated into Primary Health Care, shoulders the responsibility.

The SUS functions through the dedication and labor of Nursing professionals (unjustly undervalued and underpaid, with little recognition in Brazil). Nursing is the cornerstone of the nation’s health system. I proclaim this repeatedly! Without nursing, there would be no SUS, no healthcare; let us be candid.

Nurses fulfill a pivotal role in delivering primary health services, undertaking tasks from initial reception and triage to administering medications, dressing wounds, and monitoring vital signs. They spearhead immunization initiatives, organizing campaigns to prevent endemic and seasonal diseases in the Amazon region. Furthermore, they provide comprehensive support in women’s health, from prenatal to postpartum care. In pediatric health, they conduct developmental assessments and monitor children’s growth. For the elderly, they offer multifaceted care, particularly in fall prevention and chronic disease management, thereby significantly enhancing their quality of life.

Beyond essential care, nurses are instrumental in health education, empowering local communities, including the most remote riverside settlements, with knowledge on preventive practices, healthy eating, and lifestyles. Despite the logistical challenges posed by Amazonas’ vast territory and complex geography, nurses surmount these barriers to conduct home visits, ensuring continuous and personalized care for patients with mobility issues. This hands-on care humanizes and strengthens community bonds, reinforcing trust in the healthcare system.

Thanks to the dedication of nurses, barriers to access in the interior of Amazonas are overcome, the population’s quality of life is improved, and hope is sustained through every act of care.

There are unique health needs specific to the indigenous population, the elderly, and riverside inhabitants that nurses specifically address.

I consistently affirm: there is a people who live for, because of, and in reliance on a river, and I add, for the SUS, through the SUS, and through the indispensable work of nurses.

Let us learn to value our colleagues who are so crucial to health and to the SUS!

Long live the SUS and three cheers for our Nursing colleagues!