Enferm Bras. 2024;23(1):1257
doi:10.62827/eb.v23i1.6j36

EDITORIAL

A enchente que não se enxerga

Marco Orsini1

1Universidade Federal do Rio de Janeiro (UFRJ), Universidade Iguaçu (UNIG), Programa de Mestrado em Vigilância em Saúde, Rio de Janeiro, RJ, Brasil

Como citar

Orsini M. A enchente que não se enxerga. Enferm Bras. 2024;23(1):1257. doi:10.62827/eb.v23i1.6j36

A tragédia natural ocorrida no Rio Grande do Sul nos sinaliza para feridas fétidas e expostas em nosso País. Machucados feitos à fauna e flora com repercussões avassaladoras para o ecossistema. Às vezes me questiono como, por exemplo, ao escrever esse editorial para a renomada Enfermagem Brasil poderia mudar a forma de pensar do nosso povo. “O homem me parece a espécie mais insana e “desfrontalizada” do Planeta - na verdade é- sem sombra de dúvidas”. Queria falar um pouco sobre as crianças vivas e que perderam tudo. Elas precisam de alguma forma brincar, mesmo dentro do cenário caótico e novas alterações climáticas destrutivas previstas para os próximos dias. Lembremos que brincar não é um luxo, mas uma necessidade vital e terapêutica para esses pequenos que se encontram afogados de memórias ruins e, algumas vezes, distantes do mundo da ilusão que essa faixa etária cria. Uma grande sugestão? Quem puder doe brinquedos. Outro ponto importante nesse editorial trata da fúria do clima, da fauna e da flora. A natureza não nos aguenta mais, uma espécie que a acaricia, tira selfies e depois a descarta com dejetos e garrafas de espumantes. Existe uma espécie de negacionismo enorme por parte da população como, por exemplo, aquelas dos movimentos antivacina. “Em toda tragédia anunciada existe sempre um cientista ou pesquisador com uma placa dizendo: “Pessoal, cuidado, não vai dar certo!”. O ser humano não lê as placas e ainda se faz de entendido sobre questões várias as quais não possui a mínima formação. Agimos como técnicos de futebol em nossas condutas comportamentais. Enquanto isso nossos Governantes parecem dar a mão para esse banquete de terror: anistiam malfeitores da natureza de multas, eliminam a proteção de campos nativos e virgens, flexibilizam a regra de licenciamento ambiental e, diariamente colocam espigões de prédios em cima da mãe natureza.