Enferm Bras. 2024;23(1):1298-1314
doi: 10.62827/eb.v23i1.z317

ARTIGO ORIGINAL

Análise da mortalidade por câncer de colo do útero no Brasil (2011-2020)

Paula Ferreira do Prado1, Caroline Lourenço de Almeida1, Rosângela Gonçalves da Silva1, Talita Domingues Caldeirão1, Patrícia Coelho Mendes de Britto Haddad1, Daniel Augusto da Silva1

1Fundação Educacional do Município de Assis (FEMA), São Paulo, SP, Brasil

Recebido em: 24 de fevereiro de 2024; Aceito em: 18 de abril de 2024.

Correspondência: Daniel Augusto da Silva, daniel.silva@fema.edu.br

Como citar

Prado PF, Almeida CL, Silva RG, Caldeirão TD, Haddad PCMB, Silva DA. Análise da mortalidade por câncer de colo do útero no Brasil (2011-2020). Enferm Bras. 2024;23(1):1298-1314. doi: 10.62827/eb.v23i1.z317

Resumo

Objetivo: Analisar a mortalidade por câncer de colo do útero no Brasil, nas regiões brasileiras e Unidades da Federação. Método: Trata-se a um estudo descritivo, retrospectivo, de série histórica, com abordagem quantitativa, baseado em dados secundários. Esses dados foram disponibilizados pelo DATASUS e da seleção dos dados sobre mortalidade, levando em conta a 10ª Classificação Internacional de Doenças, as mortes codificadas com C53 – Neoplasia Maligna do Colo do Útero. Os dados foram tabulados em planilhas do software Excel da Microsoft. Foi realizada análise estatística descritiva, que permitiu, além do cálculo da mortalidade, entender a frequência absoluta e relativa, levando em consideração uma população de 100.000 habitantes. Resultados: No Brasil a taxa de mortalidade das mulheres com câncer de colo do útero se manteve de 2011 a 2014 em 2,7, após isso visualizamos uma crescente para 2,8 nos anos de 2015 e 2016. Evidenciou-se o aumento para 3,1 que se estabilizou de 2017 a 2020. Apesar de as taxas de mortalidades serem estáveis em geral, há uma grande instabilidade em algumas regiões e unidades federativas. Conclusões: Estudos apontam e comprovam que os resultados encontrados foram relacionados às dificuldades enfrentadas pelas mulheres na realização de medidas preventivas e de rastreamento devido ao baixo desenvolvimento econômico, desconhecimento ou ineficiência das unidades públicas de saúde.

Palavras-chave: neoplasias; colo do útero; neoplasias do colo do útero; epidemiologia; brasil.

Abstract

Analysis of mortality from cervical cancer in Brazil (2011-2020)

Objective: To analyze mortality from cervical cancer in Brazil, in Brazilian regions and Federation Units. Methods: This is a descriptive, retrospective, historical series study, with a quantitative approach, based on secondary data. These data were made available by DATASUS and the selection of data on mortality, taking into account the 10th International Classification of Diseases, deaths coded with C53 – Malignant Neoplasia of the Cervix. The data were tabulated in Microsoft Excel software spreadsheets. A descriptive statistical analysis was carried out, which allowed, in addition to calculating mortality, to understand the absolute and relative frequency, taking into account a population of 100,000 inhabitants. Results: In Brazil, the mortality rate of women with cervical cancer remained at 2.7 from 2011 to 2014, after which we saw an increase to 2.8 in 2015 and 2016. And finally we evidenced the increase for 3.1 which stabilized from 2017 to 2020. Although mortality rates are stable in general, there is great instability in some regions and federative units. Conclusions: Studies indicate and prove that the results found were related to the difficulties faced by women in carrying out preventive and screening measures due to low economic development, lack of knowledge or inefficiency of public health units.

Keywords: neoplasms; cervix uteri; uterine cervical neoplasms; epidemiology; brazil.

Resumen

Análisis de la mortalidad por cáncer de cuello uterino en Brasil (2011-2020)

Objetivo: Analizar la mortalidad por cáncer de cuello uterino en Brasil, en regiones brasileñas y Unidades de la Federación. Método: Se trata de un estudio descriptivo, retrospectivo, de series históricas, con enfoque cuantitativo, basado en datos secundarios. Estos datos fueron puestos a disposición por DATASUS y la selección de datos sobre mortalidad, teniendo en cuenta la Décima Clasificación Internacional de Enfermedades, muertes codificadas con C53 – Neoplasia Maligna del Cuello Uterino. Los datos fueron tabulados en hojas de cálculo del software Microsoft Excel. Se realizó un análisis estadístico descriptivo que permitió, además de calcular la mortalidad, conocer la frecuencia absoluta y relativa, teniendo en cuenta una población de 100.000 habitantes. Resultados: En Brasil, la tasa de mortalidad de mujeres con cáncer de cuello uterino se mantuvo en 2,7 de 2011 a 2014, después de lo cual vimos un aumento para 2,8 en 2015 y 2016. Y finalmente evidenciamos el aumento de 3,1 que se estabilizó de 2017 a 2020. Las tasas de mortalidad son estables en general, existe gran inestabilidad en algunas regiones y unidades federativas. Conclusión: Los estudios indican y prueban que los resultados encontrados estuvieron relacionados con las dificultades que enfrentan las mujeres para realizar medidas preventivas y de tamizaje debido al bajo desarrollo económico, la falta de conocimiento o la ineficiencia de las unidades de salud pública.

Palabras-clave: neoplasias; cuello del útero; neoplasias del cuello uterino; epidemiología; brasil.

Introdução

O termo câncer é utilizado com a abrangência de mais de 100 doenças malignas onde todas elas começam com o resultado do crescimento anormal e descontrolado de células. O corpo humano é formado por trilhões de células vivas. Essas células normais do corpo crescem, se dividem e morrem de maneira ordenada. Durante os primeiros anos de vida de uma pessoa, as células normais se dividem mais rapidamente para permitir que a pessoa se desenvolva. Na idade adulta, a maioria das células se divide apenas para substituir células desgastadas ou moribundas ou para reparar danos [1,2].

O câncer começa quando as células em certos órgãos ou tecidos do corpo começam a crescer fora de controle, um crescimento diferente do crescimento celular normal. Em vez de morrer, as células cancerosas continuam crescendo e formando novas células anormais, as células cancerosas também podem invadir outros tecidos, algo que as células normais não fazem. O crescimento descontrolado e a invasão de outros tecidos é o que faz com que as células se tornem cancerosas [3].

As células cancerosas geralmente se espalham para outras partes do corpo, onde começam a crescer e formar novos tumores. Isso ocorre quando as células cancerígenas entram nos vasos trans cavitários, linfáticos e sanguíneos do corpo. Com o tempo, o tumor substitui o tecido normal, este processo de disseminação do câncer é chamado de metástase [4].

Independentemente de onde a doença se espalha, os tipos de câncer recebem o nome de seu local de origem. Por exemplo, o câncer de mama que se espalhou para o fígado é chamado de câncer de mama metastático, não câncer de fígado. Diferentes tipos de câncer podem se apresentar de forma diferente, por exemplo, câncer de pulmão e câncer de pele são doenças muito diferentes que se desenvolvem de maneiras diferentes e respondem a diferentes tipos de tratamento. Portanto, os pacientes com câncer precisam receber um adequado tratamento para o seu específico tipo [3,5].

No Brasil, excluídos os tumores de pele não melanoma, o câncer do colo do útero é o terceiro tipo de câncer mais incidente entre mulheres. Colo do útero é a parte do útero que fica localizada no final da vagina. Em relação aos fatores de risco, a quantidade de parceiros, a falta da higienização íntima, o tabagismo e as situações socioeconômicas são alguns que se destacam. No entanto, o principal fator que ocasiona a neoplasia é a constância infecção pelo Papilomavírus Humano – HPV. Esse vírus é sexualmente transmissível, muito frequente na população e seria evitável o contágio com o uso de preservativos. Na maioria das vezes a infecção não causa doença, mas em alguns casos, ocorrem alterações celulares que levam ao câncer de colo do útero são fáceis de detectar durante o exame de rastreamento Papanicolau. À medida que a doença progride, os principais sintomas são sangramento vaginal, corrimento e dor [5,6].

Temos como problematização a taxa de mortalidade do câncer de colo do útero no Brasil e no mundo. Conhecer esses desenhos epidemiológicos nos leva a projetar melhores ações de políticas públicas de saúde tendo relação com a prevenção, o diagnóstico e o tratamento do câncer de colo do útero. Além de que mulheres terão um conhecimento melhor sobre o assunto estudado, sendo assim, as estimativas de vida das mulheres e o bem-estar das mesmas deve aumentar, pois o autocuidado será redobrado

Analisou-se a mortalidade por câncer de colo do útero no Brasil, nas regiões brasileiras e Unidades da Federação.

Métodos

Delineamento do estudo

Trata-se a um estudo descritivo, retrospectivo, de série histórica, com abordagem quantitativa, baseado em dados secundários sobre a mortalidade por câncer de colo do útero no Brasil (2011-2020). Foi estruturado conforme o disposto no Strengthening the Reporting of Observational Studies in Epidemiology (Strobe).

População/amostra

O estudo foi realizado com base nas informações disponíveis pelo Sistema de Informação de Mortalidade (SIM) e Departamento de Informática do Sistema Único de Saúde do Brasil (DATASUS), referentes ao câncer de colo do útero no período de 2011 a 2020.

Os dados foram coletados entre os meses do primeiro trimestre do ano de 2023.

Metodologia da coleta dos dados

Na seleção dos dados sobre mortalidade, levando em conta a 10ª Classificação Internacional de Doenças (CID-10), as mortes codificadas com C53 – Neoplasia Maligna do Colo do Útero. As variáveis selecionadas deste estudo serão fornecidas no banco de dados e no formulário de notificação: faixa etária, cor da pele, educação, localização, status civil, gênero, método, unidades regionais e federais.

Sobre a estimativa populacional, os dados foram obtidos por meio do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE).

Análise e interpretação dos resultados

Os dados foram tabulados em planilhas do software Excel da Microsoft. Foi realizada análise estatística descritiva, que permitiu, além do cálculo da mortalidade, entender a frequência absoluta e relativa, levando em consideração uma população de 100.000 habitantes.

Aspectos éticos

Em acordo com o disposto na Resolução CNS n. 510 de 7 de abril de 2016, este estudo não necessita de aprovação do Comitê de Ética em Pesquisa, pois utiliza informações de acesso público, em banco de dados, cujas informações são agregadas, sem possibilidade de identificação individual.

Resultados

Nos últimos 10 anos (2011 a 2020), o Brasil registrou, em caráter ascendente, 59.010 óbitos por neoplasia maligna do colo do útero. Para possibilitar a análise epidemiológica regional, a Tabela 1 apresenta as taxas de mortalidade por câncer de colo do útero no período de 2011 a 2020 no Brasil, nas regiões brasileiras e nas Unidades da Federação, conforme dados obtidos do DATASUS.

Tabela 1 - Taxa de mortalidade por câncer de colo do útero no Brasil, nas regiões brasileiras e nas Unidades da Federação. Brasil – 2012-2021

Pais/Região/Unidade da Federação

2011

2012

2013

2014

2015

2016

2017

2018

2019

2020

Brasil

2,7

2,7

2,7

2,7

2,8

2,8

3,1

3,1

3,1

3,1

Região Norte

3,9

4,1

4,3

4,4

4,5

4,5

4,9

4,8

4,9

4,7

Rondônia

2,3

1,8

2,3

3,0

2,8

3,4

3,2

3,1

3,7

3,0

Acre

3,8

4,9

4,5

3,5

3,6

3,9

4,3

5,2

4,6

4,2

Amazonas

6,2

7,1

7,3

7,4

7,0

6,3

7,2

7,0

6,8

6,6

Roraima

2,2

1,9

2,0

3,0

2,8

1,8

5,0

4,2

6,1

4,9

Pará

3,3

3,3

3,3

3,3

3,9

4,2

4,3

4,3

4,4

4,2

Amapá

3,5

5,7

5,4

5,6

4,6

3,1

3,9

5,3

4,5

6,5

Tocantins

4,2

3,0

3,9

4,0

3,8

4,5

4,9

3,8

3,9

3,6

Região Nordeste

3,0

3,1

3,0

3,1

3,1

3,2

3,6

3,5

3,7

3,6

Maranhão

4,6

4,6

5,0

4,7

4,7

4,3

5,1

5,1

5,0

4,6

Piauí

4,0

4,1

3,6

3,7

4,2

4,1

4,3

3,6

4,2

4,1

Ceará

3,0

3,0

2,9

2,7

3,1

3,2

3,6

3,4

3,5

3,8

Rio Grande do Norte

3,0

2,8

2,4

3,0

2,2

2,7

2,9

3,4

3,5

3,3

Paraíba

2,3

2,9

3,2

3,2

3,2

3,0

3,8

3,8

3,4

4,0

Pernambuco

2,9

3,1

2,7

3,2

3,2

3,3

3,8

3,5

3,7

3,3

Alagoas

2,9

3,1

2,6

3,0

3,1

2,9

3,3

3,6

3,5

4,0

Sergipe

2,9

3,6

3,2

3,2

3,5

3,4

3,4

3,2

4,0

3,7

Bahia

2,4

2,3

2,5

2,6

2,3

2,5

2,8

2,8

3,1

2,9

Região Sudeste

2,2

2,2

2,2

2,1

2,2

2,2

2,4

2,4

2,4

2,5

Minas Gerais

1,7

1,9

1,9

1,9

1,9

2,0

2,1

2,1

2,1

2,1

Espírito Santo

3,0

2,4

2,4

2,5

3,6

2,4

3,2

3,4

3,7

3,9

Rio de Janeiro

3,7

3,1

3,2

3,1

3,3

3,3

3,3

3,3

3,2

3,2

São Paulo

1,8

1,9

1,9

1,8

1,8

1,8

2,1

2,1

2,1

2,2

Região Sul

2,6

2,7

2,6

2,5

2,7

3,0

3,1

3,3

3,2

3,2

Paraná

2,8

2,5

2,6

2,4

3,0

3,3

2,9

3,3

3,0

3,0

Santa Catarina

2,5

2,7

2,2

2,5

2,3

2,5

2,9

3,2

3,1

2,9

Rio Grande do Sul

2,5

2,8

2,9

2,7

2,8

3,2

3,5

3,4

3,6

3,5

Região Centro-Oeste

2,7

2,7

2,7

2,8

3,1

3,0

2,9

3,4

3,3

3,3

Mato Grosso do Sul

3,3

3,1

3,4

2,3

3,1

3,7

3,9

4,4

3,7

3,5

Mato Grosso

2,7

2,2

2,5

2,7

2,9

2,7

2,2

2,8

3,0

3,1

Goiás

2,6

2,8

2,4

2,9

3,2

2,9

2,7

3,5

3,6

3,2

Distrito Federal

2,4

2,6

3,0

2,9

3,1

3,1

3,1

3,0

2,5

3,5

A Tabela 2 apresenta a análise de mortalidade por câncer de colo do útero por estado civil, revelando que o maior número de óbitos foi em mulheres solteiras no Brasil, em todas as regiões brasileiras e em 19 Unidades da Federação. Foi retirada a coluna onde o estado civil não foi descrito e está com a nomenclatura de ignorado.

Tabela 2 - Número absoluto e proporção de morte por câncer de colo do útero por estado civil, no Brasil, nas regiões brasileiras e nas Unidades da Federação. Brasil – 2012-2021

Pais/Região/Unidade da Federação

Solteiro

Casado

Viúvo

Separado judicialmente

Outro

n

%

n

%

n

%

n

%

n

%

Brasil

20.321

34,4

16422

27,8

11.124

18,9

3.961

6,7

3.163

5,4

Região Norte

3.120

39,4

2.153

27,2

1.063

13,4

278

3,5

898

11,4

Rondônia

108

21,7

165

33,1

88

17,7

26

5,2

40

8,0

Acre

121

34,7

87

24,9

53

15,2

26

7,4

30

8,6

Amazonas

1.368

50,5

707

26,1

315

11,6

83

3,1

153

5,6

Roraima

71

38,4

45

24,3

24

13,0

13

7,0

18

9,7

Pará

1.056

33,1

907

28,4

438

13,7

85

2,7

585

18,3

Amapá

204

54,5

78

20,9

34

9,1

15

4,0

25

6,7

Tocantins

192

32,1

164

27,4

111

18,6

30

5,0

47

7,9

Região Nordeste

6.740

36,4

5.017

27,1

3.313

17,9

695

3,8

1.089

5,9

Maranhão

1.163

35,3

971

29,5

521

15,8

91

2,8

384

11,7

Piauí

265

20,7

459

35,8

234

18,2

47

3,7

88

6,9

Ceará

893

31,1

988

34,4

638

22,2

107

3,7

104

3,6

Rio Grande do Norte

328

33,0

313

31,5

169

17,0

55

5,5

36

3,6

Paraíba

387

29,9

309

23,8

270

20,8

39

3,0

53

4,1

Pernambuco

1.286

42,1

779

25,5

579

18,9

130

4,3

140

4,6

Alagoas

332

31,4

242

22,9

177

16,8

31

2,9

54

5,1

Sergipe

329

43,5

164

21,7%

125

16,5

59

7,8

50

6,6

Bahia

1.757

45,0

792

20,3

600

15,4

136

3,5

180

4,6

Região Sudeste

6.503

33,5

5.384

27,7

4.089

21,0

1.784

9,2

530

2,7

Minas Gerais

1.158

27,9

1.186

28,6

933

22,5

317

7,6

114

2,7

Espírito Santo

301

25,3

286

24,0

227

19,0

93

7,8

19

1,6

Rio de Janeiro

2.361

43,4

1.369

25,2

1.043

19,2

483

8,9

97

1,8

São Paulo

2.683

31,0

2543

29,4

1.886

21,8

891

10,3

300

3,5

Região Sul

2.470

29,0

2.582

30,4

1.817

21,4

769

9,0

397

4,7

Paraná

872

27,2

1.095

34,2

728

22,7

294

9,2

149

4,6

Santa Catarina

458

24,9

592

32,2

381

20,7

177

9,6

138

7,5

Rio Grande do Sul

1.140

32,9

895

25,9

708

20,5

298

8,6

110

3,2

Região Centro-Oeste

1.488

32,0

1.286

27,7

842

18,1

435

9,4

249

5,4

Mato Grosso do Sul

356

38,8

257

28,0

170

18,5

78

8,5

43

4,7

Mato Grosso

294

33,0

269

30,2

147

16,5

83

9,3

52

5,

Goiás

492

24,7

536

26,9

385

19,3

173

8,7

133

6,7

Distrito Federal

346

40,8

224

26,4

140

16,5

101

11,9

21

2,5

A Tabela 3 apresenta a análise de mortalidade por câncer de colo do útero por escolaridade, revelando que o maior número de óbitos foi em mulheres com nenhuma escolaridade no Brasil, sendo o maior índice na Região Sudeste em todas as categorias.

As colunas são descritas conforme o Data Sus, nenhuma corresponde a nenhum ano de estudo, 1 a 3 anos de estudo, 4 a 7 anos de estudo, 8 a 11 anos de estudo, 12 anos e mais de estudo de cada mulher. Foi retirada a coluna onde a escolaridade não foi descrita e está com a nomenclatura de ignorado.

Tabela 3 - Número absoluto e proporção de morte por câncer de colo do útero por escolaridade, no Brasil, nas regiões brasileiras e nas Unidades da Federação. Brasil – 2012-2021

Pais/Região/Unidade da Federação

Nenhuma

1 a 3 anos

4 a 7 anos

8 a 11 anos

12 anos e mais

Ignorado

n

%

n

%

n

%

n

%

n

%

n

%

Brasil

9516

16,1

13867

23,5

12843

21,8

10167

17,2

2695

4,6

9922

16,8

Região Norte

1602

20,3

1947

24,6

1783

22,5

1660

21,0

313

4,0

604

7,6

Rondônia

90

18,1

119

23,9

100

20,1

86

17,3

15

3,0

88

17,7

Acre

115

33,0

89

25,5

37

10,6

40

11,5

15

4,3

53

15,2

Amazonas

450

16,6

686

25,3

628

23,2

675

24,9

114

4,2

157

5,8

Roraima

36

19,5

24

13,0

48

25,9

51

27,6

14

7,6

12

6,5

Pará

624

19,5

803

25,1

826

25,9

662

20,7

104

3,3

176

5,5

Amapá

98

26,2

85

22,7

60

16,0

69

18,4

27

7,2

35

9,4

Tocantins

189

31,6

141

23,6

84

14,0

77

12,9

24

4,0

83

13,9

Região Nordeste

4497

24,3

4334

23,4

3149

17,0

2345

12,7

516

2,8

3666

19,8

Maranhão

954

29,0

704

21,4

693

21,1

577

17,5

81

2,5

282

8,6

Piauí

375

29,2

272

21,2

247

19,3

130

10,1

30

2,3

229

17,8

Ceará

729

25,4

756

26,4

548

19,1

341

11,9

89

3,1

405

14,1

Rio Grande do Norte

203

20,4

215

21,6

119

12,0

95

9,5

46

4,6

317

31,9

Paraíba

231

17,8

234

18,1

135

10,4

82

6,3

27

2,1

587

45,3

Pernambuco

734

24,0

774

25,3

557

18,2

385

12,6

106

3,5

501

16,4

Alagoas

258

24,4

133

12,6

113

10,7

81

7,7

21

2,0

450

42,6

Sergipe

204

26,9

173

22,9

179

23,6

107

14,1

24

3,2

70

9,2

Bahia

809

20,7

1073

27,5

558

14,3

547

14,0

92

2,4

825

21,1

Região Sudeste

1914

9,8

4911

25,3

4383

22,5

3498

18,0

1127

5,8

3606

18,6

Minas Gerais

547

13,2

1047

25,2

771

18,6

577

13,9

191

4,6

1020

24,6

Espírito Santo

137

11,5

175

14,7

114

9,6

108

9,1

40

3,4

618

51,8

Rio de Janeiro

414

7,6

1586

29,1

1534

28,2

1086

20,0

346

6,4

477

8,8

São Paulo

816

9,4

2103

24,3

1964

22,7

1727

20,0

550

6,4

1491

17,2

Região Sul

775

9,1

1746

20,5

2470

29,0

1788

21,0

486

5,7

1241

14,6

Paraná

423

13,2

728

22,7

967

30,2

726

22,6

193

6,0

169

5,3

Santa Catarina

116

6,3

396

21,5

614

33,4

447

24,3

122

6,6

143

7,8

Rio Grande do Sul

236

6,8

622

18,0

889

25,7

615

17,8

171

4,9

929

26,8

Região Centro-Oeste

728

15,7

929

20,0

1058

22,8

876

18,8

253

5,4

805

17,3

Mato Grosso do Sul

181

19,7

123

13,4

300

32,7

242

26,4

45

4,9

26

2,8

Mato Grosso

158

17,8

171

19,2

272

30,6

199

22,4

43

4,8

47

5,3

Goiás

287

14,4

395

19,8

310

15,6

250

12,5

97

4,9

654

32,8

Distrito Federal

102

12,0

240

28,3

176

20,7

185

21,8

68

8,0

78

9,2

A Tabela 4 apresenta a análise de mortalidade por câncer de colo do útero por cor e raça, revelando que o maior número foi de mulheres brancas e pardas que morreram por câncer de colo do útero na maioria das Regiões apresentadas.

Foi retirada a coluna onde a cor e raça está com a nomenclatura de amarelo e indígena pois em ambas as categorias o número de óbito corresponde no máximo 1% em todas Regiões e Unidades da Federação disponíveis.

Tabela 4 - Número absoluto e proporção de morte por câncer de colo do útero por cor e raça, no Brasil, nas regiões brasileiras e nas Unidades da Federação. Brasil – 2012-2021

Pais/Região/Unidade da Federação

Branca

Preta

Parda

Ignorado

n

%

n

%

n

%

n

%

Brasil

24265

41,1

4684

7,9

27422

46,5

2076

3,5

Região Norte

1250

15,8

405

5,1

5961

75,4

117

1,5

Rondônia

160

32,1

30

6,0

293

58,8

9

1,8

Acre

51

14,6

16

4,6

252

72,2

19

5,4

Amazonas

419

15,5

60

2,2

2110

77,9

23

0,8

Roraima

32

17,3

9

4,9

115

62,2

6

3,2

Pará

410

12,8

184

5,8

2554

79,9

29

0,9

Amapá

60

16,0

34

9,1

261

69,8

12

3,2

Tocantins

118

19,7

72

12,0

376

62,9

19

3,2

Região Nordeste

4050

21,9

1544

8,3

11972

64,7

808

4,4

Maranhão

619

18,8

373

11,3

2183

66,3

88

2,7

Piauí

207

16,1

134

10,4

863

67,3

73

5,7

Ceará

650

22,7

82

2,9

2039

71,1

74

2,6

Rio Grande do Norte

329

33,1

49

4,9

546

54,9

63

6,3

Paraíba

290

22,4

51

3,9

885

68,3

62

4,8

Pernambuco

887

29,0

231

7,6

1819

59,5

90

2,9

Alagoas

260

24,6

47

4,5

664

62,9

82

7,8

Sergipe

196

25,9

63

8,3

475

62,7

21

2,8

Bahia

612

15,7

514

13,2

2498

64,0

255

6,5

Região Sudeste

10196

52,5

1987

10,2

6300

32,4

833

4,3

Minas Gerais

1689

40,7

406

9,8

1714

41,3

323

7,8

Espírito Santo

408

34,2

109

9,1

486

40,8

183

15,4

Rio de Janeiro

2523

46,4

872

16,0

1975

36,3

59

1,1

São Paulo

5576

64,5

600

6,9

2125

24,6

268

3,1

Região Sul

7007

82,4

420

4,9

799

9,4

223

2,6

Paraná

2505

78,1

106

3,3

490

15,3

72

2,2

Santa Catarina

1635

89,0

73

4,0

109

5,9

18

1,0

Rio Grande do Sul

2867

82,8

241

7,0

200

5,8

133

3,8

Região Centro-Oeste

1762

37,9

328

7,1

2390

51,4

95

2,0

Mato Grosso do Sul

409

44,6

27

2,9

429

46,8

2

0,2

Mato Grosso

238

26,7

66

7,4

560

62,9

10

1,1

Goiás

775

38,9

169

8,5

969

48,6

75

3,8

Distrito Federal

340

40,0

66

7,8

432

50,9

8

0,9

A Tabela 5 apresenta a análise de mortalidade por câncer de colo do útero por faixa etária, revelando que o maior número de óbitos foi de mulheres entre 50 e 59 anos.

Foi retirada a coluna onde a faixa etária não foram descritas e está com a nomenclatura de ignorado, além da coluna que condiz à faixa etária de 0 a 14 anos, pois analisamos que houve apenas dois óbitos e ambos na região Nordeste, também foi retirado à coluna correspondente a 15 e 19 anos havendo 35 óbitos onde treze são na região Nordeste, treze no Sudeste, seis no Norte, duas Sul e uma no Centro-Oeste.

Tabela 5 - Número absoluto e proporção de morte por câncer de colo do útero por faixa etária, no Brasil, nas regiões brasileiras e nas Unidades da Federação. Brasil – 2012-2021

Pais/Região/ Unidade da Federação

20 a 29 anos

30 a 39 anos

40 a 49 anos

50 a 59 anos

60 a 69 anos

70 a 79 anos

80 anos e mais

n

%

n

%

n

%

n

%

n

%

n

%

n

%

Brasil

1656

2,8

7547

12,8

11654

19,7

12961

22,0

11296

19,1

8316

14,1

5540

9,4

Região Norte

236

3,0

1157

14,6

1768

22,4

1712

21,6

1424

18,0

997

12,6

608

7,7

Rondônia

16

3,2

56

11,2

92

18,5

122

24,5

110

22,1

77

15,5

25

5,0

Acre

6

1,7

48

13,8

75

21,5

94

26,9

60

17,2

35

10,0

31

8,9

Amazonas

88

3,2

424

15,6

638

23,5

589

21,7

454

16,8

319

11,8

195

7,2

Roraima

2

1,1

31

16,8

43

23,2

46

24,9

35

18,9

22

11,9

6

3,2

Pará

99

3,1

458

14,3

721

22,6

668

20,9

595

18,6

410

12,8

241

7,5

Amapá

13

3,5

62

16,6

81

21,7

73

19,5

69

18,4

40

10,7

36

9,6

Tocantins

12

2,0

78

13,0

118

19,7

120

20,1

101

16,9

94

15,7

74

12,4

Região Nordeste

457

2,5

2257

12,2

3619

19,6

3990

21,6

3510

19,0

2723

14,7

1934

10,5

Maranhão

91

2,8

431

13,1

668

20,3

777

23,6

593

18,0

465

14,1

263

8,0

Piauí

23

1,8

146

11,4

243

18,9

267

20,8

247

19,3

201

15,7

153

11,9

Ceará

50

1,7

296

10,3

495

17,3

610

21,3

615

21,4

447

15,6

354

12,3

Rio Grande do Norte

24

2,4

113

11,4

178

17,9

215

21,6

200

20,1

154

15,5

111

11,2

Paraíba

39

3,0

117

9,0

211

16,3

260

20,1

244

18,8

239

18,4

185

14,3

Pernambuco

82

2,7

410

13,4

641

21,0

610

20,0

582

19,0

448

14,7

282

9,2

Alagoas

34

3,2

143

13,5

239

22,6

231

21,9

182

17,2

135

12,8

90

8,5

Sergipe

22

2,9

106

14,0

157

20,7

158

20,9

133

17,6

108

14,3

72

9,5

Bahia

92

2,4

495

12,7

787

20,2

862

22,1

714

18,3

526

13,5

424

10,9

Região Sudeste

586

3,0

2289

11,8

3613

18,6

4387

22,6

3936

20,2

2754

14,2

1861

9,6

Minas Gerais

101

2,4

422

10,2

696

16,8

908

21,9

842

20,3

684

16,5

496

11,9

Espírito Santo

27

2,3

144

12,1

219

18,4

274

23,0

234

19,6

156

13,1

138

11,6

Rio de Janeiro

176

3,2

704

12,9

1156

21,2

1278

23,5

1071

19,7

653

12,0

402

7,4

São Paulo

282

3,3

1019

11,8

1542

17,8

1927

22,3

1789

20,7

1261

14,6

825

9,5

Região Sul

267

3,1

1212

14,2

1647

19,4

1848

21,7

1599

18,8

1189

14,0

742

8,7

Paraná

96

3,0

441

13,8

588

18,3

701

21,9

618

19,3

506

15,8

256

8,0

Santa Catarina

61

3,3

295

16,1

373

20,3

414

22,5

332

18,1

238

12,9

124

6,7

Rio Grande do Sul

110

3,2

476

13,7

686

19,8

733

21,2

649

18,7

445

12,9

362

10,5

Região Centro-Oeste

110

2,4

632

13,6

1007

21,7

1024

22,0

827

17,8

653

14,0

395

8,5

Mato Grosso do Sul

21

2,3

121

13,2

179

19,5

182

19,8

165

18,0

141

15,4

108

11,8

Mato Grosso

24

2,7

108

12,1

212

23,8

207

23,3

162

18,2

115

12,9

61

6,9

Goiás

41

2,1

277

13,9

427

21,4

457

22,9

364

18,3

264

13,2

163

8,2

Distrito Federal

24

2,8

126

14,8

189

22,3

178

21,0

136

16,0

133

15,7

63

7,4

Discussão

Mesmo com menor incidência, mas com alto índice de mortalidade, o câncer de colo do útero é o quarto mais comum entre as mulheres no mundo. A maior incidência ocorre em países da África e do Sudeste Asiático. No Brasil, é o segundo câncer mais comum em mulheres nas regiões Norte, Nordeste e Centro-Oeste, enquanto é o quarto e quinto nas regiões Sul e Sudeste [7].

O Brasil apresentou um aumento na taxa de mortalidade de 0,3 nos anos observados, e ainda é notória a ineficácia dos programas de prevenção, tanto pela ineficácia do tratamento adequado, quanto porque, apesar de fazerem o exame de Papanicolau, as mulheres não continuam com o tratamento, não apenas por não terem interesse ou se preocuparem com sua própria saúde, mas muitas vezes por não tem um atendimento adequado na sua Unidade de Saúde. Há necessidade de uma educação continua com os enfermeiros, com objetivo de promover o autocuidado e autonomia das mulheres, e aumentar seu vínculo com os serviços de saúde além de buscar reverter o aumento do câncer de colo do útero e garantir medidas preventivas contra essa neoplasia [8].

Segundo o Ministério da Saúde, toda mulher que tem ou teve vida sexual deve fazer o exame de rastreamento Papanicolau regularmente, entre os 25 e os 59 anos. Inicialmente, o exame deve ser feito anualmente. Após dois exames consecutivos (com intervalo de um ano) com resultados normais, recomenda-se o exame preventivo a cada três anos [9,10].

O desconhecimento sobre a importância do exame, a falta de humanização no atendimento e o sentimento da mulher diante do exame são fatores que dificultam a busca por este exame de rastreamento [11].

Porém, outros fatores, como o diagnóstico em estágios mais avançados da doença, também podem contribuir significativamente para o aumento das taxas de mortalidade. Por sua vez, dentre outras causas, o diagnóstico tardio pode estar relacionado com: dificuldade de acesso da população feminina aos serviços e programas de saúde, baixa expertise dos recursos humanos envolvidos na atenção oncológica (principalmente em municípios de pequeno e médio porte), capacidade do Sistema Público de Saúde para absorver a demanda que chega as Unidades de Saúde e a dificuldade dos gestores municipais e estaduais em definir e estabelecer um fluxo de atendimento, orientado por critérios hierárquicos dos diferentes níveis de atenção, que permita o gerenciamento e o encaminhamento adequado dos casos suspeitos para investigação em outros níveis do sistema. O contato telefônico e a carta convite para os usuários, são possibilidades de baixo custo que aumentam a participação das mulheres [12].

Entre as Unidades da Federação, o Amazonas apresentou maior taxa de mortalidade em todo o período deste estudo, podemos levantar diversas informações e opiniões com a intenção de justificar esse fato. Naquela região existe uma baixa expectativa de vida, por ser algo de origem socioeconômico fazendo com que as mulheres, ainda crianças, tenham como objetivo, como carreira, ser mãe. Com isso a idade da primeira gestação ocorre com maior frequência entre 14 e 15 anos, e é frequentemente observada em grupos vulneráveis levando a uma grande exposição ao HPV precocemente [13].

Melhorias nesses indicadores não têm sido observadas em países com baixo desenvolvimento econômico, refletindo dificuldades no acesso à saúde. Quanto maior a cobertura e mais organizado o programa da atenção primária, mais eficaz ele será [14].

Ao constatar que o maior número de morte por câncer de colo do útero no Brasil é de mulheres solteiras, relaciona-se que ao não ter parceiro fixo, a mulher apresenta probabilidade alta de desenvolver a neoplasia, pela prática sexual geralmente envolvendo a multiplicidade de parceiros sexuais [15].

Baixa renda, etnia parda/preta e baixa escolaridade dominaram o perfil epidemiológico das mortes por câncer do colo do útero. A baixa escolaridade de certa forma está associada ao aumento do número de casos da doença, pois pode prejudicar adesão a medidas preventivas e dificultar a compreensão das mulheres sobre os termos técnicos nas consultas. Nesse sentido, além da escolaridade, também é importante avaliar o letramento funcional em saúde, que corresponde à alfabetização e acarreta o conhecimento que as pessoas adquirem, compreendem, avaliam e aplicam as informações de saúde para julgamento e tomada de decisões em seu cotidiano com relação aos cuidados de saúde, bem-estar, prevenção de doenças e promoção da saúde para manter ou melhorar a qualidade de vida [16].

Constatou-se ainda que a faixa etária de mulheres que mais morrem por câncer de colo do útero é de 50 a 59 anos, no Brasil. Há relatos de que mulheres, principalmente nessa faixa etária, não realizam regularmente os exames preventivos e de rastreamento e os fatores que mais influenciam para a não realização desse exame são vergonha, preconceitos, medo e medo do diagnóstico, também há relatos de mulheres que não possuem vida sexual ativa e por isso acham que não é necessário realizar, bem como desinformação sobre a importância desse exame [17,18].

Os enfermeiros também devem enfatizar a importância de exames preventivos e de rastreamento periodicamente, que possivelmente reduzirão a incidência da neoplasia. As atribuições do enfermeiro na prevenção do câncer do colo do útero são variadas, tais como: planejar as atividades assistenciais de enfermagem ao longo da vida do paciente, supervisionar e realizar os cuidados de enfermagem, principalmente procedimentos de imunização, preparo de material, coleta de material para exame preventivo. Portanto, é importante ressaltar que a maioria das mulheres procura realizar o exame citopatológico do colo do útero apenas quando já apresenta algum sintoma [19].

A consulta de enfermagem é o momento em que a mulher que procura atendimento e por isso deve ser acolhida e apoiada, tornando confortável para um espaço de esclarecimento de dúvidas. O enfermeiro deve utilizar da educação em saúde discutindo os modos de aparecimento da doença, revelando seus fatores predisponentes e identificando mulheres vulneráveis para que recebam assistência frequente e eficaz. O enfermeiro deve ouvir a mulher no momento que antecede e durante o exame para tranquilizá-la, considerando que há barreiras criadas pelo tabu, medo, preconceito, assim deve esclarecer a compreensão do exame, relacionando com o HPV e o câncer do colo do útero, utilizar uma abordagem sensível, ética e empática para influenciar empoderamento em relação ao autocuidado e prevenção de doença [20].

Existe o Projeto de Lei n. 4018/2023, que tem por objetivo alterar a Lei nº 7.498, de 25 de junho de 1986, para incluir a emissão de atestados de enfermagem como competência privativa do enfermeiro (a). Neste sentido, a população pode ter mais disposição para estar presente nas consultas de enfermagem, incluindo as consultas em saúde da mulher e procedimentos de prevenção e diagnóstico precoce do câncer, pois terá como justificar a ausência no seu serviço. A rotina do dia a dia interfere no horário de ida a Unidade de Saúde, que só atende em horário comercial, dessa forma, é possível fazer com que as consultas de Enfermagem atendam integralmente as necessidades das pacientes, que muitas vezes necessitam de justificativa do atendimento para fins legais. É um projeto promissor, contudo ainda se encontra nas fases iniciais de apreciação pela Câmara dos Deputados [21].

O aumento da incidência de lesões cervicais e uterinas mostra a necessidade de melhorar os programas de promoção e prevenção da saúde da mulher. A ocorrência de lesões é preocupante, pois, na ausência de tratamento adequado, a doença tende a evoluir para lesões malignas quando associada à infecção pelo HPV [22].

Conclusão

No Brasil 59.010 mulheres morreram por câncer de colo do útero no período de 2011-2020. A taxa brasileira se manteve por quatro anos com 3,1, a região com o maior índice de morte é a Região Norte, esse número se mantém instável variando entre 4,1 e 4,9 e a região com menor índice é a Região Sudeste que varia entre 2,2 e 2,5.

Os resultados encontrados apresentam às dificuldades enfrentadas pelas mulheres na realização de medidas preventivas e exame Papanicolau devido ao desconhecimento ou ineficiência das unidades públicas de saúde. Em relação às estratégias preventivas aplicadas pelo SUS no Brasil, ainda existem lacunas no sentido de evitar as mulheres nesses tipos de exames. Portanto, é importante enfatizar o papel do enfermeiro na aplicação de técnicas e informações necessárias para aumentar o número de mulheres nesses tipos de exames e consultas para facilitar o acesso às medidas preventivas e corretivas contra o câncer do colo do útero.

Conflitos de interesse

Os autores declaram não haver conflitos de interesse de qualquer natureza.

Fontes de financiamento

Financiamento próprio.

Contribuição dos autores

Concepção e desenho da pesquisa: Prado PF, Silva DA; Análise e interpretação dos dados: Prado PF, Silva DA; Redação do manuscrito: Prado PF, Silva DA; Revisão crítica do manuscrito quanto ao conteúdo intelectual importante: Prado PF, Almeida CL, Silva RG, Caldeirão TD, Haddad PCMB, Silva DA.

Referências

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2. Silva DA. O paciente com câncer e a espiritualidade: revisão integrativa. Revista Cuidarte [Internet]. 2020;11(3):e1107. doi: 10.15649/cuidarte.1107

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4. Silva DA. Malignant prostate cancer in Brazil: morbidity (2013-2018) and mortality (2008-2017). RSD [Internet]. 2020;9(6):e178963657. DOI: 10.33448/rsd-v9i6.3657

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20. Brandão AMR, Andrade FWR, Olivindo DDF. The role of nurses in the family health strategy in the management of women with altered results of colpocytology. RSD [Internet]. 2020;9(10):e5899108962. doi: 10.33448/rsd-v9i10.8962

21. Brasil. Projeto de Lei n. 4.018 de 21 de agosto de 2023. Altera a Lei nº 7.498, de 25 de junho de 1986, para incluir a emissão de atestados de enfermagem como competência privativa do enfermeiro (a). Disponível em: https://www.camara.leg.br/proposicoesWeb/fichadetramitacao?idProposicao=2380900

22. Casarin MR, Piccoli JCE. Educação em Saúde para Prevenção do Câncer de Colo do Útero em Mulheres do Município de Santo Ângelo/RS. Ciênc. saúde coletiva. 2011;16(9):3925-32. doi: 10.1590/S1413-81232011001000029